Análise às Equipas — Vuelta a España (Parte I)
A equipa do João Almeida e outras sete.

UAE Team Emirates - XRG

A UAE Team Emirates apresenta um equipazo encabeçado por uma liderança ibérica bipartida. Isto na teoria, claro. Na prática, sabemos bem quem é o chefe de fila. João Almeida tem estado a fazer a melhor época da carreira (9 vitórias WT) mas um azar na primeira semana da Volta a França obrigou-o a parar. Esperamos todos que se possa apresentar ao mais alto nível. Juan Ayuso também estava a realizar uma belíssima temporada (1.º no Tirreno e 2.º na Catalunha) mas chegou ao Giro e não esteve à altura.
Marc Soler, além do João, é o único que vem do bloco do Tour. Quando Pogačar está, é um fiel gregário; quando não está, costuma ter problemas no rádio. Já venceu três etapas na Vuelta e quer mais, certamente. Do Giro vem Jay Vine, KOM da última edição.
Mikkel Bjerg, Felix Großschartner e Domen Novak, que ajudaram Pogačar a vencer Grandes Voltas no ano passado, fazem a estreia em corridas de três semanas neste ano. Três corredores experientes e competentes nestas andanças. Falta o campeão nacional Ivo Oliveira, que soma quatro triunfos em 2025 e vai ter oportunidade para sprintar nas etapas rápidas.
bitaite falso plano: Um ciclista da equipa sai da Bola del Mundo com a camisola roja.
Movistar Team

Vamos agora ao bloco da Caja Rural. Perdão, fiz confusão... Nem Valverde, nem Quintana, nem Mas. Que Movistar é esta? Desta vez não vai dar para lutar pela classificação das equipas.
É o bloco menos competitivo da Movistar de que tenho memória na Vuelta mas, ainda assim, há qualidade para disputar etapas em alguns terrenos. Pablo Castrillo e Jefferson Alveiro Cepeda desiludiram no Tour e no Giro, respetivamente, mas são trepadores com muito valor. O espanhol foi uma das estrelas da última edição ao vencer duas etapas, ainda ao serviço da Kern Pharma.
Orluis Aular e Carlos Canal são as duas cartas da equipa para as chegadas ao sprint — contam com Iván García Cortina — e para a média montanha têm o punch de Javier Romo. Jorge Arcas participa pela sexta vez e Michael Hessmann faz a sua estreia.
bitaite falso plano: Orluis Aular vence pela primeira vez no WT.
XDS Astana Team

Contem com eles para animar a corrida. Lorenzo Fortunato, depois do Giro fantástico, parte como figura principal da equipa. GC, KOM ou etapas? É o que as pernas deixarem.
O veterano Wout Poels e a dupla sul-americana de merengue Harold & Harold — Harold Martín López e Harold Tejada — vão alegrar as fugas na média e alta montanha. Contam ainda com o renascido Sergio Higuita, 14.º (!) no Tour. Não sei sinceramente o que dizer do colombiano.
Os italianos Nicola Conci e Fausto Masnada — em tempos odiado pela jihad tuga — andaram a distribuir bidonis em Itália e agora vão distribuir bidoñes em Espanha. Como não podia deixar de ser, o representante do Cazaquistão — ou do nepotismo da oligarquia soviética, se preferirem — Nicolas Vinokurov.
bitaite falso plano: Fazem 1-2 numa etapa com o Fortunato e um dos Harolds.
Burgos Burpellet BH

O momento alto da temporada para a Burgos chegou. Depois da ausência em 2024, desta vez tiraram bilhete com vista privilegiada para a frente da corrida: na fuga.
É uma equipa jovem e com sete estreantes, a única excepção é o uruguaio Eric Antonio Fagúndez, perito em etapas de média montanha. O outro sul americano da equipa é o trepador Sergio Chumil — bateu o Gee na 4.ª etapa d'O Gran Camiño.
Juntam-se dois rapazes que estiveram muito bem em Burgos recentemente: Mario Aparicio (12.º) e Carlos García Pierna (KOM). Outro com jeito para as fugas é Sinuhé Fernández, que este ano brilhou alto com um 15.º à GC no Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela.
Os três neo-pros, a dar o salto do Club Ciclista Padronés - Cortizo, são Hugo de la Calle, Daniel Cavia e José Luis Faura — O primeiro é uma das maiores promessas do ciclismo espanhol; o segundo é um jovem sprinter que já se mostrou no Taiwan e em Hainan. O Zé Luis é o Zé Luis.
bitaite falso plano: Ficam em último no contrarrelógio por equipas.
Red Bull - BORA - hansgrohe

Jai Hindley vai liderar este bloco da Red Bull, uns furos abaixo do que tem sido normal nas últimas Grandes Voltas, mas com qualidade para lutar por etapas e por uma boa classificação geral.
Giulio Pellizzari – 6.º no Giro – apresentou-se a um bom nível em Burgos e pode fazer uma boa GC. O jovem italiano é uma das grandes promessas da equipa, a par de Lipowitz. Giovanni Aleotti e Nico Denz também estiveram no Giro com os dois voltistas supracitados, Denz com vitória de etapa; veremos se o motor alemão também é apanhado em excesso de velocidade aqui.
Em grande forma chegam Matteo Sobrero (3.º na Volta à Polónia) e Finn Fisher-Black, que vai encontrar muito terreno fértil para semear os seus ataques Bejeanos. O Vingegaard que se cuide.
Tim van Dijke e Jonas Koch* são os gregários a carregar e distribuir as latas de Red Bull, aditivadas com Jägermeister nas etapas do Angliru e Bola del Mundo.
bitaite falso plano: Pellizzari vai ao top-5.
*Jonas Koch ficou doente e foi substituído por Ben Zwiehoff.
Groupama - FDJ

Depois da ausência no último Tour, a Groupama - FDJ apresenta-se na Vuelta para limpar a imagem. O destaque é o nosso flop favorito: David Gaudu, o 39.º classificado do Tour de l'Ain.
Depois de falhar a Guillaume Martin do costume, Guillaume Martin tem aqui mais uma oportunidade para espalhar a sua fé e remontar rumo ao top-10. Stefan Küng é o outro peso pesado desta equipa.
Vale ainda a experiência de Rémi Cavagna e Rudy Molard, e a irreverência de Clément Braz Afonso (sobe bem), Thibaud Gruel (sprinta bem) e Brieuc Rolland (não conheço bem).
bitaite falso plano: Gaudu vence no Alto de la Farrapona.
Caja Rural - Seguros RGA

A segunda corrida mais importante do calendário da Caja Rural é esta. E depois do fiasco na Volta a Portugal vão tentar limpar a imagem. Guillermo Thomas Silva, com três triunfos em 2025, é a maior figura da equipa. O uruguaio, tal como Jaume Guardeño e Jakub Otruba, estreiam-se na Vuelta.
Na alta montanha, contam com Abel Balderstone, campeão espanhol de contrarrelógio (cronoescalada), para fazer resultados interessantes; na média montanha, Fernando Barceló e Alex Molenaar são habitués (atenção a Molenaar nos paredóns, impressionou muito este ano no GP Miguel Indurain); para trabalhos de alvenaria têm Joan Bou e Joel Nicolau.
bitaite falso plano: Meia dúzia de prémios da combatividade.
Intermarché - Wanty

Temporada desastrosa para a Intermarché — apenas três triunfos, dois no circuito continental e um em campeonatos nacionais. É muito poucochinho para uma equipa que venceu três etapas no Tour do ano passado. E não creio que seja com este bloco que essa contagem vai aumentar.
Para lutar por uma boa classificação geral têm o Louis Meintjes — o sul-africano falhou o top-15 no Tour e está com um total de zero top-10 em 53 dias de corrida em 2025. Encarregados de o ajudar nessa epopeia estão Kamiel Bonneu e Simone Petilli.
Quem me dá algum alento são Arne Marit e Huub Artz, que num dia bom podem disputar as etapas ao sprint, massivo e reduzido, respetivamente. Para a colocação e lançamento contam com Luca Van Boven, Dries De Pooter e Dion Smith.
bitaite falso plano: Zero top-3.