Análise às Equipas — Vuelta a España (Parte III)

INEOS Grenadiers

A INEOS apresenta uma equipa interessante para aquilo são os seus pergaminhos desde que deixou de ser uma super-equipa: ganhar uma etapa e meter um ciclista no top-10 da GC. O protegido é Egan Bernal, que está a ter uma temporada muito sólida. Como era bonito voltarmos a ver o colombiano no pódio de uma Grande Volta, mas acho que nos vamos ter de contentar com mais um top-10.

Filippo Ganna e Michał Kwiatkowski dispensam apresentações, são batidos nestas andanças e normalmente entregam resultados. O italiano é o favorito no contrarrelógio da etapa 18. Magnus Sheffield começou a temporada a alta velocidade mas perdeu gás, em sentido contrário segue Bob Jungels, que venceu recentemente uma etapa na Áustria.

Alguém ainda se lembra da primeira semana do Giro? Eu lembro. E o Brandon Smith Rivera também. Apareceu a disputar alguns sprints e pode fazer o mesmo aqui se não houver dureza suficiente para Victor Langelotti, que brilhou na Polónia. Lucas Hamilton é o chega'misto.*

bitaite falso plano: Uma no Giro, duas no Tour, três na Vuelta.

*Lucas Hamilton é baixa de última hora. Para o seu lugar entra Ben Turner, no melhor momento da carreira.

Alpecin - Deceuninck

Vira o disco e toca o mesmo: sprints, sprints, sprints. Sabemos que é este o CAE da Alpecin e têm de faturar neste tipo de atividade que vai escassear nesta edição. A novidade é que desta vez não calhou a fava ao Groves, foi mesmo Jasper Philipsen que teve de cancelar as férias na segunda quinzena de Agosto para vir apanhar banhos de sol no gruppetto. Edward Planckaert monta o guarda-sol e Jonas Rickaert estende a toalha de praia. O Oscar Riesebeek aplica o protetor nas costas se o sol estiver forte.

Tobias Bayer e Luca Vergallito terão de fazer o frete em algumas fugas para os patrocinadores não pensarem que a equipa só participa em meia dúzia de etapas. Também podem brincar às fugas os estreantes Ramses Debruyne e Gal Glivar.

bitaite falso plano: Jasper Disaster vence uma etapa e apanha o voo para Ibiza.

Israel - Premier Tech

Sem Gee para lutar pela GC, trazem um bloco focado na conquista de etapas. Os jovens Marco Frigo e Matthew Riccitello são os nomes que saltam à vista para atacarem as fugas. Ambos têm estado muito bem recentemente. Os veteranos George Bennett e Jan Hirt querem mostrar que ainda não estão fora de prazo e provar que ainda se conseguem movimentar nas etapas mais duras.

Para os sprints planos e meia ganga há dois britânicos. A última vitória de Ethan Vernon foi em Espanha e, olhando para a concorrência, não é descabido repetir o feito. Jake Stewart é o leadout mas terá muitas oportunidades para procurar a glória pessoal. Os maquinistas do comboio são Pier-André Côté e o Nadav Raisberg, que preenche a quota exigida pelos patrocinadores

bitaite falso plano: Podem colocar o champanhe no Frigo.

Arkéa - B&B Hotels

Nem Noé meteu tantos pinos na Arkéa. Nem com um dilúvio conseguiam vencer uma etapa. Então mas diga lá um de jeito ao menos para não parecer mal. E digo: Cristián Rodríguez, trepador espanhol, voltista underrated que fez 13.º nas últimas duas edições e que nesta vai para o top-10. É o meu hot take.

Composto por seis elementos que ainda disputam a classificação da juventude, vai ser uma edição para ganharem estaleca e aventurarem-se nas fugas abrasadoras da Vuelta. Raúl García Pierna e Alessandro Verre têm experiência em três semanas e vão ter de mostrar a Louis Rouland (4.º no Tour de l'Ain) e Pierre Thierry como se faz.

Para os sprints (reduzidos, vá) têm em Jenthe Biermans um corredor capaz de somar alguns pontos UCI. Vai ser lançado pelos jovens Victor Guernalec e Léandre Lozouet.

bitaite falso plano: Rodríguez fecha o top-10.

Team Picnic PostNL

Picnic de paella? Isto é mais um piquenique vegetariano sem tempero. O brilharete de Onley tirou muita pressão da equipa mas escusavam de se apresentar aqui com uma toalha rota e talheres de plástico. A ausência não-programada de Poole (diagnosticado com o vírus de Epstein-Barr) não justifica esta sangria de talento. Já chega de dizer mal, afinal temos o nosso fantasminha Casper van Uden, vencedor de uma etapa no Giro. No comboio desgovernado seguem também Timo Roosen e Eddy Patrick.

Para as fugas há Kevin Vermaerke (de saída para a UAE) e Chris Hamilton, além dos jovens Bjorn Koerdt, Gijz Leemreize e Juan Guillermo Martinez. O colombiano de apenas 20 anos faz a sua estreia em Grandes Voltas.

bitaite falso plano: Vermaerke vai lançar o colega João Almeida em Limone Piemonte.

Decathlon AG2R La Mondiale Team

A Decathlon já soma 21 vitórias em 2025 mas apenas cinco são fora de casa. Dessas cinco a última foi em Burgos, por um talento francês que vai dar que falar nos próximos tempos: Léo Bisiaux, atleta da formação que subiu este ano ao plantel principal. Juntamente com Johannes Staune-Mittet, vão dar uma ajuda preciosa nas montanhas ao Felix Gall. O trepador austríaco terminou o Tour no top-5 e quer repetir a façanha aqui. Sem pressão, se as coisas não estiverem a correr de feição aponta para as fugas ou camisola da montanha.

Quem também esteve no Tour em alto nível foram Bruno Armirail e Callum Scotson. Dois roladores-trepadores que têm sido fundamentais nesta evolução da Decathlon para equipa voltista. Nans Peters é o road captain e pode concretizar a trilogia de vitórias nas GV — não vai acontecer. Sander De Pestel e Jordan Labrosse completam o bloco de Van Rysels.

bitaite falso plano: Vencem uma etapa na terceira semana.

Soudal Quick-Step

A T-Rex Quick-Step está de volta e nada melhor que o tiranossauro Mikel Landa para nos lembrar que o Landismo está vivo apesar da chuva de meteoros que quase causou a sua extinção em Tirana, na primeira etapa do Giro. Mas não consigo deixar de ficar desassossegado com a total ausência de velociraptores para as (poucas) etapas ao sprint — volta Lefeverossauro, estás perdoado.

O outro destaque é o pterossauro Valentin Paret-Peintre que voa acima dos 1000 metros de altitude. Pode consumar já a trilogia — venceu no Giro em 2024 e no Tour, há um mês. Quem também está forte na montanha é Junior Lecerf, que bateu Uijtedebroeks na Chéquia. Noutro estado de forma está o braquiossauro Mauri Vansevenant, a ter um ano para esquecer. Já não vemos a sua postura desengonçada há algum tempo.

A melhor exibição de Maximilian Schachmann neste ano foi no País Basco. É o triceratops: desce, rola e sobe bem. Os stegossauros são Gianmarco Garofoli, Pepijn Reinderink e Louis Vervaeke.

bitaite falso plano: Paret-Peintre completa a trilogia.

Parte I: Análise às Equipas — Vuelta a España
Parte II: Análise às Equipas — Vuelta a España