Antevisão Etapa 10 — Tour de France
Sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce. Um perfil idêntico ao meu modo de viver.

Rescaldo da Etapa 9
No papel era uma etapa plana, sem emoção, com quatro horas em frente à televisão para esperar pelo quilómetro final. Mas estamos no Tour de France e o plano da Alpecin era outro. Já vi muita coisa vinda de Mathieu van der Poel, mas um ataque no início da partida oficial com cento e setenta e quatro quilómetros, vão definitivamente para a minha gaveta de memórias a longo prazo.
Jonas Rickaert disse antes da partida, em tom de brincadeira, que juntos poderiam tentar sair no início e chegar até ao fim com a vitória. Mathieu assumiu a missão e dali os dois saíram para uma das etapas planas mais incríveis de sempre.
O pelotão nunca mais foi o mesmo e num dia cheio de tensão (ou como se diz no falso plano, Tesson no grupo), em que as equipas dos sprinters nem sempre conseguiram trabalhar para encurtar a distância, todos trabalharam um bocado.
O drama instalou-se quando João Almeida oficializou o seu abandono depois de um dia que se estava a revelar sofredor para o português. Enquanto isso, o pelotão tentava tirar partido dos ventos laterais para provocar cortes, fazendo com que as equipas da geral viessem para a frente. Foi isso que a Visma tentou fazer na parte final da corrida, mas acabou por não se revelar eficaz, pois Wout Van Aert não aguentou o ritmo que os colegas estavam a impor para tentar partir o pelotão.
O final foi um caos para perceber se a vantagem que Mathieu van der Poel tinha seria suficiente para se fazer história. Mas com os esforços do pelotão, o sonho caiu por terra já dentro dos oitocentos metros finais e Van der Poel foi apanhado pelo pouco que restava do pelotão e assim não se escreveu a história, mas de certeza que não se irá falar de outra coisa.
O srpint final só teve dois homens capazes de lutar pela vitória: Jonathan Milan e Tim Merlier foram os dois intervenientes. Desta vez foi o Belga que levou a melhor sobre o Italiano e venceu assim a nona etapa desta edição do Tour.
Ainda bem que amanhã há mais.
O percurso
Com partida em Enneza a subir e chegada a Le Mont-Dore a subir, o pelotão terá um dia duro com um constante sobe e desce do início ao fim, com mais de quatro mil e quatrocentos metros de desnível positivo.
É uma etapa de média montanha, mas está repleta de Côtes e Cols. De certeza que irão deixar marcas no pelotão.

O que esperar
Não é difícil saber o que esperar quando Tadej Pogačar está em prova. O esloveno continua com a amarela e amanhã tem mais um dia para certamente aumentar o fosso para alguns dos que estão na luta pelo top-10.
A pergunta é sempre a mesma: conseguem Vingegaard e Remco não perder tempo para o esloveno? Eu diria que sim, mas hoje vimos ambos a trabalhar na frente em prol da equipa e fica sempre a dúvida se não terá sido demais.
Infelizmente, Tadej já não pode contar com a ajuda de João Almeida, mas a equipa continua muito coesa e isso faz-me crer que a UAE irá colocar um ritmo forte para, a certo ponto, o esloveno partir.
A Visma, como sempre conhecida pela sua criatividade, poderá colocar alguém na fuga e assim garantir ajuda na fase final para Vingegaard, ao mesmo tempo que não tem de trabalhar no pelotão principal.
Favoritos
Tadej Pogacar — Da forma como se tem apresentado, é difícil prever outro vencedor.
Jonas Vingegaard — Sinceramente não acho que vá molhar o bico na sopa nesta edição do Tour. Mas enfim, é tecnicamente o mais capaz a seguir ao outro.
A não perder de vista
Remco Evenepoel — O trabalho que fez hoje para Merlier deveria recompensar, mas isto é sobre quem tem mais pernas e amanhã as dele poderão estar mais pesadas que as dos supracitados.
Kévin Vauquelin — Está a ser a sensação do Tour e hoje, mais uma vez, mostrou que não precisa de equipa para andar com os grandes. Seria um belo presente se o francês fosse audaz, mas ainda falta muito para terminar e certamente que a gestão tem de ser feita a pensar na geral.
Oscar Onley — O britânico já leva um gap de mais de um minuto para Jorgenson e Vingegaard. Pode perfeitamente tentar encurtar a distância para tentar assaltar o top-5 da geral. A explosão pode valer-lhe pontos no final.
Apostas falso plano
André Dias — Jordan Jegat é aposta Je-ganha.
Fábio Babau — Ben O'Connor, com dez minutos de vantagem.
Henrique Augusto — Petit Lenny no dia da Bastilha.
O Primož do Roglič — Roel van Sintmaartensdijk.
Miguel Branco — Remco a 50 KMS. Agora a sério, ganha para aí o García Pierna.
Miguel Pratas — Tadej Coffee Patrón Pogačar.
Nuno Gomes — Muitas dúvidas na minha bet para amanhã porque o lado racional e emocional... O racional diz é etapa 10, falta muito, não se decide nada ainda... O emocional diz que Visma vai rachar a UAE ao meio e que vai parecer Tour 2023. Por isso, Eduardo Sepulveda.
Rogério Almeida — Ladies and gentlemen, Joooonas Pogačar.