Antevisão Etapa 11 — Giro d'Italia

Dia de fuga. Aceitam-se apostas.

Antevisão Etapa 11 — Giro d'Italia
Giro d’Italia

Rescaldo da Etapa 10

O caos continua no Giro e cada vez mais o setup está montado para termos uma corrida bem animada. Hoje foi dia de contrarrelógio, dia de mais diferenças na GC e dia de cada um mostrar o que vale enquanto ciclista. Roglič deu o mote, ao cair logo no reconhecimento, talvez em homenagem à maior atração turística da cidade que recebia o final do dia, a Torre de Pisa.

Importante para perceber os resultados do dia saber que a meteorologia teve imenso impacto, com os ciclistas que arrancaram mais cedo (piores classificados na GC) a apanharem muito melhores condições do que quem arrancou mais tarde, que levaram com uma tempestade a valer nos capacetes. Isto faz com que acontecessem duas lutas diferentes: uma pela etapa, outra pela GC.

Na etapa, era Dan Hoole quem liderava quando partiu para a estrada o principal favorito do dia. Joshua Tarling passou no primeiro ponto intermédio a voar, batendo o neerlandês por 17 segundos, mas foi de mais a menos e confirmava-se a primeira surpresa do dia. O britânico falhava o objetivo de voltar a vencer neste Giro e dadas as circunstância metereológicas, dava a ideia que Dan Hoole podia mesmo chegar à sua primeira grande vitória como profissional. O cenário confirmou-se e o gigante dá assim continuidade ao super Giro da Lidl-Trek. Destaque ainda para o 3.º lugar de Ethan Hayter, é sempre ver um ex-bom ciclista que se tornou pino dar a entender que pode voltar a ser bom, para depois voltar a desiludir.

Na luta pela geral era Roglič o primeiro a sair para a estrada e acabou por beneficiar desse fator, apanhando ligeiramente menos mau tempo que os seus concorrentes. Foi o melhor nesta luta, ganhando 20 segundos a Ayuso, 30 a Simon Yates (belo esforço), 40 a Tiberi e mais de 1 minuto a Del Toro, Adam Yates, Carapaz e Bernal. O esloveno acaba por ser o grande vencedor do dia, recuperando algum do tempo perdido no sterrato. Torito aguentou a camisola ainda com alguma margem devido à quebra de Ayuso nos últimos quilómetros da etapa e os principais derrotados do dia foram Bernal (que caiu), Ciccone, Storer e Carapaz.

Baralhou tudo mais um pouco, é verdade, mas continuamos a ter 13 ciclistas a menos de 3 minutos, o que é ótimo para o espectáculo. E 4 UAE no top-7, o que é ótimo para a Tourada.

Tá com bom aspecto, isto.

O percurso

Mais uma vez, uma grande montanha a meio da etapa. Opção estranha esta da organização, mas é lidar.

São 70 quilómetros de plano a abrir o dia antes de chegar a San Pellegrino, uma das mais duras subidas deste Giro. O seu topo está a 100 quilómetros da meta, pelo que dificilmente veremos muita ação, mas mesmo assim quem não subir bem está fora da luta amanhã. Seguem-se 40 quilómetros maioritariamente em descida antes do final acidentado desta etapa. Nos últimos 50 quilómetros há 3 subidas, todas a rondar os 5%, com a última a terminar muito perto já da meta.

Pode chover, mas não é esperada uma repetição do diluvio de hoje.

Viareggio — Castelnovo ne' Monti (186km)

Percebem a irritação, né? Isto tem tanto potencial e provavelmente vai ser ultrapassada em ritmo de passeio pela malta da GC.

Preferia que fizessem a subida a dar gás. (San Pellegrino, perceberam?)

O que esperar

O início plano promove uma luta incessante e longa pela presença na fuga do dia, sobretudo sabendo de antemão os atacantes que é um dia com alta probabilidade de verem o seu esforço ser recompensado com a possibilidade de lutarem pela vitória. Alguma curiosidade aqui para perceber se alguém vai tentar fazer um Guillaume Martin, há muitos ciclistas ainda relativamente perto na GC e que não assustam a sério os verdadeiros candidatos à vitória/pódio final. Não me admirava de ver assim um Gaudu, um Fortunato (este vai andar lá de certeza, quase 80 pontos da montanha em jogo na etapa), um Rubio ou um Max Poole a subirem ao top-10 da GC no fim do dia por conta do tempo ganho na fuga. Assim na loucura, até um Gee ou um Pidcock podem tentar surpreender.

Não imagino ninguém a controlar para a etapa, por isso o pelotão limitar-se-á a gerir a distância para não perderem por completo o controlo dos fugitivos. A UAE não tem interesse, está numa ótima situação, e a Red Bull não tem equipa.

Ainda assim, a subida é de tal forma dura que pode haver espaço para ação entre os tubarões. E isto se uma de duas coisas acontecerem: 1) algum dos homens da GC mostrar alguma debilidade e outras equipas tentarem aproveitar para o colocar fora da luta. Afinal, se descolares a 100 quilómetros da meta do pelotão podes perder 10 minutos; 2) a UAE experimentar usar a sua vantagem numérica com McNulty ou Yates e a partir daí a corrida pode partir; Em principio não irá acontecer, mas eu sempre fui e sempre serei um sonhador.

Na luta pela etapa deve acontecer uma seleção grande em San Pellegrino e depois será a tática (e as pernas, claro) nos terrenos ondulantes que se seguem a decidir o vencedor. Eu aposto numa chegada a solo depois de um ataque a partir de um grupo de 5/8 elementos.

Favoritos

Rafał Majka — No sábado deram a oportunidade a Arrieta, que não ficou longe. Acredito que amanhã pode ser para o experiente escudeiro polaco tentar brilhar.

Romain Bardet — Por falar em gente experiente, Bardet não pode sair de Itália sem levantar os braços. Não pode, é proibido.

Max Poole — Está na posição ideal para integrar a fuga e subir posições na geral depois de todo o tempo perdido a caminho de Siena. Já deu muitas demonstrações da sua qualidade mas continua a faltar uma vitória a sério, que já merece.

A não perder de vista

Brandon Rivera — Está a andar que se farta e merece ter a sua chance num destes dias de fuga.

Pello Bilbao — Assumindo que não veio ao Giro só passear e trabalhar, amanhã tem de estar na fuga.

Wilco Kelderman — O sonho continua, anda Wilco.

Luke Plapp — Só o australiano impediu Kelderman de finalmente chegar à tão ambicionada vitória. Plapp tomou-lhe o gosto na Europa, conseguirá repetir o feito?

Wout van Aert — É assim, se o Wout estiver de volta, é um perigo nestas etapas. Pode descolar na subida porque o terreno que se segue é-lhe favorável e depois, nas últimas dificuldades, não é um ciclista nada fácil de descartar. Às vezes as vitórias são como o ketchup.

Apostas falso plano

André Dias — Embred Svestad-Bardseng, numa fuga a partir de San Ducatti della Foccacia.

Fábio Babau — Moschetti. Etapa perfeita para ele.

Henrique Augusto — #FreeEulálio.

O Primož do Roglič — Lorenzo Fortunato. Vou apostar tantas vezes nele que há-de ganhar.

Miguel Branco — Romain Bardet. O Giro tem mais encanto na hora da despedida.

Miguel Pratas — Brenner, a solo.

Nuno Gomes — Vacek a aquecer para depois ganhar em Sestriere!

Rogério Almeida — Contrarrelogista Marco Frigo.