Antevisão Etapa 16 — Tour de France

"E tudo o Pogačar levou" ou podemos sonhar?

Antevisão Etapa 16 — Tour de France
Tour de France

Rescaldo da Etapa 15

Wellens a festejar a trilogia de etapas em grandes voltas (foto: cyclingpro.net)

E após quatro etapas sempre a andar rápido, incluindo duas de montanha e uma cronoescalada, finalmente tivemos um dia calmo para fechar a segunda semana do Tour. Era isto que gostava de estar a escrever.

Mas não dá, porque eles não querem descansar. E ainda bem.

Começamos logo o dia com uma novidade: o abandono de Lennert Van Eetvelt. Uma novidade pois não se sabia se ele ainda estava em prova.

Assim que se dá a partida oficial, o Jonas Abrahamsen junto com Mauro Schmid atacaram. Mas desta vez não resultou, rapazes: a etapa 11 foi na terça-feira. Com muitos ataques e contra-ataques no pelotão, aos 15 quilómetros de corrida tivemos uma queda, onde os principais envolvidos foram Lipowatts (Lipowitz) e Alaphilippe. Alaphilippe que, nesta queda, deslocou o ombro e o voltou a colocar no sítio. No momento do acidente, ele fica sem o seu rádio (pormenor importante da história). Já Lipowitz veio em recuperação vários quilómetros, com a Bora a deixar quase toda a equipa para o recolar no pelotão.

Nesta queda, também ficou cortado o Vingegaard que assim ficou atrasado. A certo momento da corrida tínhamos Campenaerts a mexer na frente a tentar a fuga, tínhamos Jorgenson a atacar no pelotão e Pogačar a responder a Jorgenson. Com isto, Vingegaard algures com quase 1 minuto de atraso.

Tivemos uma situação de corrida de loucos durante alguns quilómetros. Uma fuga com MvdP, Mohorič, De Lie e Campenaerts, entre outros, e o grupo a deixar o MvdP passar no sprint intermédio. Jonathan Milan, que até tinha estado na fuga, nesta fase já estava quase a descair do pelotão (terceiro grupo) juntamente com Lenny, que este dia foi muito difícil para ele conseguir manter-se nos grupos em alta velocidade. O segundo grupo era constituído por Jorgenson, Pogačar, Wellens, Tobias e Onley da geral e mais ciclistas a tentar a fuga; quando se deu conta da situação de corrida com Vingegaard e Lipowitz atrasados por queda (durou muitos quilómetros), os ciclistas abrandaram e esperaram pelo pelotão, sem antes o Vingegaard começar a fazer a ponte juntamente com o Iván Romeo.

Ficou tudo mais calmo e outros ciclistas fizeram a ponte para a fuga: tivemos Wellens, Campenaerts, Powless, Carlos Rodriguez, Vlasov, Storer, Simmons, Barguil e Lutsenko no grupo da frente; no segundo grupo, tipos como WvA, MvdP, Romeo ou Alaphilippe.

Na última contagem de montanha, Storer tentou partir o grupo e conseguiu reduziu a quatro elementos. A 50 quilómetros do fim, ficaram na frente Wellens, Campenaerts, Storer e Simmons. O "Capitão América" conseguiu mandar vir com todos para trabalharem. Atrás deles, e sem baixar os braços, vinham os restantes elementos do grupo anterior, com a exceção de Powless que ficou pelo caminho. Na frente iam colaborando, mas sem muita união, e ao quilómetro 44 para o fim, tivemos a união dos dois grupos. Nem 500 metros depois, numa mudança de estrada e com uma curva — o que me pareceu muito bem estudado — Wellens atacou para não mais ser apanhado. E assim entrou para o lote de ciclistas que já venceu nas três grandes voltas.

Os quilómetros foram passando e com ataques e contra-ataques na perseguição, Wellens sozinho foi aumentado a sua vantagem. Na perseguição, iam perdendo tempo para os grupos que vinham atrás. Storer atacou a dois quilómetros do fim mas foi alcançado; na resposta, Campenaerts atacou e abriu o espaço para fazer segundo na etapa.

Após este último ataque, tivemos poucas imagens dos grupos de trás. Mas houve união dos grupos até ao do Alaphilippe, mesmo a tempo de sprintarem pelo terceiro lugar. E é aí que vemos Alaphilippe a bater o WvA e Laurance e, com isto, a festejar o terceiro lugar. Mas o homem festejou como se de uma vitória se tratasse.

O que me parecia uma brincadeira do Ala? Não era. Era mesmo um festejo de vitória porque ele não tinha rádio (lembram-se?), não sabia que tinha mais dois ciclistas na frente e pelos vistos não viu o Campenaerts a 200 metros à frente a cortar a meta. E este sim é o verdadeiro vencedor da etapa de ontem. Também podíamos dizer que festejou porque foi o melhor resultado de etapa para um francês este ano no Tour, ou por não deixar os belgas preencher o pódio todo na etapa.

És o meu vencedor, Alaphilippe. Obrigado, és ETERNO 🫶.

WvA a perceber que perdeu o pódio (Foto: velo.outsideonline.com)

O percurso

Aqui não há muito a inventar. São 155,9 quilómetros praticamente planos, para depois subir o Monte Ventoux ( 15,6 km a 8,7% ). Pelo meio, ao quilómetro 112, temos o sprint intermédio.

Montpellier › Mont Ventoux (171.5km)

O que esperar

Antes de avançar, não podemos esquecer que foi no Mont Ventoux que Vingegaard sentou pela primeira vez o Pogačar. Decorria o ano de 2021, e passados 4 anos e 5 Tours, os protagonistas são os mesmos.

Acho que existem dois cenários possíveis para a etapa de amanhã.

Primeiro, e o menos provável para mim, é a Visma ou a UAE controlarem a corrida para a vitória de etapa. A Visma pode querer tentar ganhar a etapa com Vingegaard, mas não acho que seja possível. Do lado da UAE, é mais para o Pogačar colocar o seu nome em mais uma montanha mística do Tour.

Segundo cenário, e o mais provável para mim. Deixam ir a fuga, pois são muitos quilómetros planos pela frente. E no fim, vencerá o melhor da fuga; atrás teremos a luta de galos.

Lenny a festejar no Mont Ventoux (foto: Mihai Simion X)

Favoritos

Tadej Pogačar — Porque é o dono disto tudo.

Lenny Martinez — Porque ainda é o dono da camisola da Montanha e porque sabe o que é ganhar no Mont Ventoux.

Jonas Vingegaard — É melhor que os outros e já foi melhor que o Pogačar nesta subida.

A não perder de vista

Florian Lipowitz — Acho que a Bora ainda não tem noção do diamante que tem em mãos. Amanhã vai mostrar novamente o porquê de estar em terceiro.

Oscar Onley — Que surpresa agradável ver Onley tão bem. Espero que se agarre bem amanhã no Monte do Vento.

Félix Gall — A minha aposta para Top5. É um dos melhores trepadores em prova.

Apostas falso plano

André Dias — Acabem com isto. A sério. Metam já o Tour feminino.

Fábio Babau — Cold Blooded Killer, Tadej Pogačar.

Henrique Augusto — Isto não é uma aposta, é um pedido, uma esperança. Jonas Vingegaard, salva o ciclismo.

O Primož do Roglič — O Tour ainda não acabou? 

Miguel Branco — Callum Scotson. Não era giro, querem ver?

Miguel Pratas — No Ventoux ganha o melhor trepador desta edição: Jhonatan Narváez.

Nuno Gomes — É mais uma marretada do Sr. Poga.

Rogério Almeida — Como diz o Lenny Martinez "Are You Gonna Go My Way?".