Antevisão Etapa 17 — Vuelta a España
El Morredero.

Rescaldo da Etapa 16
Fuga estabelecida a sensivelmente 115 quilómetros da meta, antes da ascensão ao Alto de San Antoñino, com 17 elementos, entre eles Bernal, Cepeda, Landa ou Soler. Num dia chuvoso, cedo se percebeu que a fuga ia vingar.
Na subida ao Alto da Groba, Bernal, Landa e o luso-descendente Braz Afonso conseguiram distanciar os restantes colegas da fuga. Soler, que tinha falhado este corte, tinha andado a fazer o típico bluff na cauda do grupo e depois desgastou-se para fazer a ponte, sem sucesso.
A 20 quilómetros da meta, começava o caos: Lecerf a descolar — a Bahrain fez por isso e Træen acabou por recuperar o 9.º lugar; Pellizzari e Gall a mostrarem dificuldades; e um problema mecânico para Vingegaard, que teve de trocar para bicicleta (de criança) do Tulett. Nesta altura, o dinamarquês ainda seguia com Kuss e Jorgenson, enquanto João Almeida estava já isolado — Felix Großschartner foi o último a ficar com o português. Tazonde Ayuso? Tazonde Vine? Soler, já sem chances de chegar ao trio da frente, ficou à espera do português nesta fase.
Enquanto isto, mais um azar: Braz Afonso, que seguia com Bernal e Landa, furava numa fase crítica da etapa. Mas a balbúrdia não ficava por aqui: a cerca de 15 quilómetros da meta, a organização comunicou uma alteração no percurso devido a protestos a três quilómetros da meta: a etapa terminaria a sensivelmente oito quilómetros do esperado, ainda na fase inicial da subida final.
Pidcock atacou na descida mas acabou por não conseguir distanciar os mais diretos rivais pelo pódio. A três quilómetros da "nova" meta — a 11 da antiga —, o grupo dos favoritos chegava a Soler. Ainda deu um bocadinho de roda ao João. Super útil, sem dúvida.
Lá na frente, Egan Bernal bateu Mikel Landa num final anti-climático, numa meta improvisada. Na luta pela geral, Felix Gall e Junior Lecerf foram os elementos do top-10 a perder tempo.

O percurso
Etapa unipuerto curta, de apenas 143 quilómetros, mas com muita dureza, principalmente na chegada ao Alto de El Morredero.
Até lá chegarem, vão ter de subir uma série de subidas relativamente curtas, sendo que só a do Paso de las Traviesas (7.8% @ 4.1%), a meio, é categorizada. 25 quilómetros depois há o sprint bonificado do dia, para Mads Pedersen, e a partir de Ponferrada começa o festival: são 30 quilómetros quase sempre em subida com um aperitivo de 1500 metros a 9.1% para abrir o apetite, a 11 quilómetros da meta. Depois vem o prato principal: o Alto de El Morredero.

Escalar mais de 800 metros em menos de nove quilómetros não podia ser fácil. Com pendentes tão duras a abrir, os últimos quatro quilómetros vão parecer planos. Naqueles três quilómetros consecutivos com a cor preta, o Aniołkowski vai gritar pelo Nuno Gomes.

O que esperar
Há três cenários possíveis, que passo a enumerar por ordem probabilística:
- Os protestantes voltam a estragar a festa aos aficionados e o El Morredero fica a meio — neste cenário, Eduardo Sepúlveda bate Sergio Chumil num sprint a dois;
- Fuga forte com nomes tipo Ayuso, Soler ou Vine — mais um solo de Ayuso;
- Novo duelo Almeida vs Vingegaard — o Bota Lume descarrega o dinamarquês.
Almeida vs Vingegaard
João Almeida — Aqui não vai haver vento frontal que valha ao Vingegaard. São só 48 segundos, bota lume!
Jonas Vingegaard — Ou sentencia a Vuelta ou começa aqui a perder a Vuelta. Ou sobe o El Morredero acorrentado ao João e fica tudo na mesma.
Fuga
Juan Ayuso — Opção #1 da UAE.
Jay Vine — Opção #2 da UAE.
Marc Soler — Opção #3 da UAE.
Marco Frigo — Ele prometeu que ia tentar mais vezes e na última etapa descansou. Amanhã não vai falhar o corte.
Santiago Buitrago — No El Morredero não há gregário que valha ao Træen. Vai ter liberdade.
Antonio Tiberi — Também vai ter liberdade. Veremos é se tem sorte e pernas, ambas têm faltado ultimamente.
Harold Tejada — Vai testar as pernas. O Langkawi está quase aí.
Apostas falso plano
André Dias — Se o Pratas escreveu, está escrito: Harold Tejada.
Henrique Augusto — Eu agora aposto no João os dias todos. Vá, tirando em Madrid que com os copos de champanhe na mão é difícil sprintar.
Miguel Branco — Tiberi. A não ser que tenha de continuar a ser gregário para o top-10 do Træen.
Miguel Pratas — Fui contagiado. Bota Lume!
Rogério Almeida — É em alto? Alto aí e parem o Vine.