Antevisão Etapa 18 — Giro d'Italia
Uma fuga por entre as montanhas, e um Amore Infinito.

Rescaldo da Etapa 17
Nem vale a pena comentar o porquê do Mortirolo ser no meio de uma etapa, quando devia ser a subida final.
Com 155 quilómetros entre San Michele all’Adige e Bormio, o pelotão chegou compacto ao sprint intermédio, onde Pedersen cruzou a linha em primeiro. Nessa altura, Ayuso já tinha ficado para trás. Os ataques sucederam-se, e o grupo principal acabou por se dividir, formando-se uma fuga à frente com representação de quase todas as equipas – mais de 40 corredores, entre os quais Caruso. Insatisfeito com a situação, Del Toro fez a ponte entre grupos. E vários outros candidatos à geral reagiram a esta movimentação, e pouco depois, todos os favoritos estavam juntos na frente da corrida.
"Fuga alcançada, fuga lançada" – e assim se sucederam os ataques, formando-se um grupo na frente. Muitos dos ciclistas desta fuga já tinham estado na anterior, e desta vez juntaram-se mais de 30 elementos. De destacar a presença de Eulálio na fuga, enquanto a equipa Polti, sem representação no grupo, assumiu o controlo do pelotão até ao Mortirolo.
Ao passar pelo Passo del Tonale, os homens mais rápidos ou menos trepadores foram ficando para trás. Quando chegaram ao Mortirolo, restavam cerca de 25 elementos na fuga, e a estrada começou a colocar cada um no seu lugar. Durante a subida, houve vários ataques na frente: Kelderman, Martínez, Fortunato e Steinhauser atacaram, entre outros, e foram dividindo o grupo. Mas o momento decisivo surgiu quando Bardet acelerou a 1.3 quilómetros do topo. Eulálio reagiu, acompanhou-o, e pouco depois, contra-atacou a cerca de 700 metros do topo, deixando Bardet para trás. Assim, Eulálio cruzou sozinho no topo do Mortirolo, entrando assim num lote restrito de ciclistas.
No grupo dos favoritos, Tiberi foi o primeiro a ceder, perdeu contacto muito cedo. A equipa da Ineos tomou então as rédeas do pelotão. A dois quilómetros do topo, Pelizzari lançou um ataque, Carapaz seguiu a roda – que ainda podia contar com o apoio de Cepeda. Este movimento mostrou dificuldades em Simon, Del Toro e Bernal, que lutavam para manter o contacto.
Carapaz insatisfeito com a situação, decidiu atacar, ficando isolado na frente. Na sua perseguição formou-se um grupo com Del Toro, Pelizzari, Gee, Simon, Max Poole e Rubio – este último tinha companhia de Milesi, vindo da fuga.
Enquanto isso, na frente, Bardet, Eulálio, Cattaneo, Fortunato e Stork juntaram-se na descida. Nos favoritos, Rubio e Pelizzari conseguiram juntar-se a Carapaz, que recebeu o reforço de Steinhauser, vindo da fuga anterior. Mas antes do KM Redbull, os dois grupos de favoritos juntam-se, e assim foram até Le Motte. A equipa Q36.5 assumiu o comando do pelotão, sonhando com uma vitória de Pidcock.
Em Le Motte, Bardet tentou um ataque solitário no grupo da frente, enquanto Martinez impôs um ritmo forte para preparar o ataque de Pelizzari. A 10 quilómetros do fim, os fugitivos foram apanhados, com exceção de Bardet. Nesse momento, Eulálio assumiu a frente do grupo para apoiar Caruso. A cerca de 200 metros de Le Motte, Del Toro atacou, apenas Carapaz conseguiu responder. Quem também reagiu? Eulálio, é claro. Vindo diretamente da fuga, ainda teve forças para tentar alcançar o atacantes.
O grupo de perseguição era composto por Caruso, Eulálio, Gee, Max Poole, Rubio, Pelizzari e Simon Yates, para tentarem chegar a Del Toro, Carapaz e Bardet (que já tinha sido apanhado). Na descida final, que terminava a 1 quilómetro da meta, Del Toro atacou para a vitória, enquanto Bardet bateu Carapaz na luta pelo 2º lugar. Destaque ainda para o impressionante 10º lugar de Eulálio, numa exibição de enorme coragem e resistência.

O percurso
Seria possível ter cinco dias consecutivos de montanha? Sim, seria uma forma de compensar a falta de etapas de montanha nas outras duas semanas. No entanto, não será esse o cenário que vamos ver, embora também não se trate de uma etapa completamente plana.
Esta etapa de 144 quilómetros entre Morbegno e Cesano Maderno, uma etapa curta. Os primeiros 30 quilómetros são praticamente planos, seguidos por cerca de 58 quilómetros de terreno acidentado, um constante sobe e desce. O percurso inclui três KOM’s : começa com uma 2ª categoria em Parlasco (7,6 km a 5,8%), seguida por duas de 3ª categoria – o Colle Balisio (4,6 km a 3,3%) e o Ravellino (9 km a 4,4%). O último topo não é categorizado, mas sim o quilómetro Redbull no alto de Sintori (3,1 km a 4%), sem dúvida mereceria ser uma 3ª categoria.
Após este desafio, os ciclistas enfrentam cerca de 12 quilómetros de descida, seguidos por aproximadamente 40 quilómetros de terreno plano até à linha de meta.

O que esperar
Esta etapa, com os seus 144 km, parece feita para uma fuga bem sucedida. Se tivesse mais 40 a 60 quilómetros, talvez assistíssemos a um sprint no pelotão principal, mas neste formato tudo aponta para que a vitória saia de um grupo à frente.
Os primeiros quilómetros serão de pura animação, com múltiplas tentativas de fuga. É quase certo que veremos nomes como Pedersen, Vacek, Van Aert, Groves e pelo menos um dos irmãos Bais a protagonizar estas investidas iniciais. Estes corredores têm o perfil ideal para fazer valer uma fuga num percurso como este.
Os candidatos à camisola da montanha e os trepadores puros deverão poupar forças, deixando esta etapa para os puncheurs com final em sprint reduzido. Será uma fuga para ciclistas com punch e boa finalização. O mais provável é que o sprint pela vitória se dispute entre os elementos da fuga, com muitos dos mesmos nomes que seriam favoritos num sprint massivo.
Favoritos
Wout van Aert — Um dos principais favoritos neste tipo de etapa, será dos principais a mexer com a corrida para entrar na fuga.
Mads Pedersen — Já não precisa de provar nada a ninguém neste Giro, Mas se WvA vai para a fuga, porque não ir também, e ganhar mais uma etapa?
Mathias Vacek — A Trek "deve-lhe" uma etapa neste Giro, e se não foi na etapa de hoje, só pode ser na etapa de amanhã.
A não perder de vista
Kaden Groves — Como os sprints bónus não são no plano, ele não vai deixar o Plowright sprintar. E acredito que Groves vai tentar a fuga, não está a subir mal, e pode ter a sorte de Pedersen não conseguir a fuga, e assim é fácil bater WvA.
Edoardo Zambanini — Está numa boa forma, já conseguiu dois top5 ao sprint no Giro. É um ciclista que sobe bem e com a ponta final que já mostrou, muito cuidado com ele.
Andrea Vendrame — Numa fuga destas de certeza que este ciclista não vai falhar.
Ben Turner — Fiquei surpreendido com o terceiro lugar a semana passada, mas vendo bem parece que soube a pouco, e tem tudo para conseguir novo resultado.
Mirco Maestri — Apesar da Polti ir colocar um dos Bais na frente a carta do dia para mim será este ciclista, tem bom sprint , e adora este tipo de etapas. Na etapa 14, andou 172 quilómetros em fuga e ainda fez 6° ( 5° no pelotão) ao sprint.
Orluis Aular — Temos Del Toro em grande eu sei, mas para mim este ciclista foi segunda grande revelação na prova. Já sabíamos que tinha qualidade, mas para mim não fazia um top 5 e fez quatro.
Apostas falso plano
André Dias — Isaac del Toro. Esticar as pernas antes da montanha é a verdadeira vitória.
Fábio Babau — Mads Pedersen, na fuga.
Henrique Augusto — Ethan Hayter.
O Primož do Roglič — Alguém da Bahrein. Andam loucos por vencer.
Miguel Branco — Então, deixa ver, Jensen Plowright ganha pelo menos um intermédio.
Miguel Pratas — Taco Thursday.
Nuno Gomes — Kooij... Se Wout deixar.
Rogério Almeida — Aaron Gate. Espera, isso é em Boucles de la Mayenne.