Antevisão Etapa 18 (ITT) — Vuelta a España
Gannadolid.

Rescaldo da Etapa 17
Início tenso, com os ciclistas a acordarem uma neutralização da etapa caso surgissem protestos que colocassem em causa a integridade física do pelotão. A fuga do dia não era péssima mas também não era numerosa. Os nomes sonantes eram Harold Tejada (à beira do top-10) e Antonio Tiberi.
A Visma, já desfalcada, controlou com Van Baarle e Kelderman e na aproximação ao El Morredero foi a Red Bull que pegou no martelo pneumático — Lecerf e Gall voltaram a passar dificuldades.
Nas duras rampas do El Morredero Vingegaard seguia com três gregários — Tullet, Jorgenson e Kuss — e Almeida sem nenhum. Não era um cenário animador para o português. Hindley abriu as hostilidades e levou com ele Vingegaard, Pidcock e Riccitello — que exibição do norte americano, mais uma —, o Bota Lume não conseguiu responder ao ataque — bem na verdade foi apenas uma aceleração — e lá teve de protagonizar mais uma almeidada, bem sucedida, com Pellizzari na roda.
O sexteto seguia com um clima de desconfiança e o italiano não teve meias medidas: atacou, rapidamente cavou um fosso de 30 segundos, e só o viram depois da meta. No sprint pelas bonificações Pidcock bateu Hindley, e logo atrás chegaram Vingegaard e Almeida. O ciclista português cedeu dois segundos para o camisola vermelha.
Giulio Pellizzari continua a mostrar que aquela exibição no Santa Cristina Valgardena (etapa 16 do Giro 2024, apenas batido por Pogačar) e o 6.º lugar no Giro 2025 não foram por acaso. Com apenas 21 anos, a Red Bull tem voltista para a próxima década.
O percurso
Contrarrelógio plano em Valladolid com 12.2 quilómetros — o trajeto inicial tinha 27 quilómetros de extensão e uma lomba de 500 metros a 7.6% no primeiro terço do trajeto — que acaba por prejudicar os especialistas e não vai dar para fazer grandes diferenças na geral. É também muito pouco exigente a nível técnico — tem apenas uma inversão de marcha na rotunda da Plaza Castilla y Leon a meio. Faz pouco sentido um contrarrelógio destes mas é o que há, tendo em conta as circunstâncias.

O que esperar
Full gas. É isto que se pede num contrarrelógio e com apenas 12 quilómetros de extensão não é preciso fazer gestão do esforço, é sempre a a dar ao pedal.
O duelo Vingegaard vs Almeida era o principal motivo de interesse neste contrarrelógio, o teste do algodão, quem estivesse melhor ia ganhar tempo a quem estivesse menos bem. Enfim, venha a Bola del Mundo, no sábado.
Roladores como Ganna, Küng, Hoole ou Segaert têm estado discretos, e estão a aguardar por este dia desde o arranque em Torino. A alteração do percurso prejudica-os mas continuam a ser os candidatos mais fortes.
Favoritos
Filippo Ganna — Ficou fora do top-100 em 13 das 17 etapas. Gestão de esforço perfeita a pensar neste dia.
Daan Hoole — Bateu Tarling em Pisa (etapa 10 do Giro).
Stefan Küng — Venceu em Madrid, na última edição. Velha guarda.
Alec Segaert — Um dos maiores especialistas da nova geração.
A não perder de vista
Magnus Sheffield — Sem grande tecnicidade exigida, pode chegar ileso à meta.
Mads Pedersen — O dinamarquês deve estar as esfregas as mãos com esta alteração de percurso. Mas passou muito mal hoje no El Morredero, não parece estar a 100%.
Jay Vine — Deverá ir a full gas para dar referências ao Almeida.
Matteo Jorgenson — O mesmo, mas para Vingegaard.
Juan Ayuso — Deverá ir a full gas para vencer a etapa.
Apostas falso plano
André Dias — João Almeida. Depois da montanha, faz tudo parte do plano.
Henrique Augusto — Ayusão descansadinho da vida.
Miguel Branco — Soler a partir da fuga.
Miguel Pratas — Gannadolid.
Nuno Gomes — Ganna. Não foi a Espanha fazer mais nada.
Rogério Almeida — Ao fim de 18 dias, podes aparecer Ganna.