Antevisão Etapa 19 — Vuelta a España
A calma, no meio da tempestade.

Rescaldo da Etapa 18
Dia de esforço individual na Vuelta, encurtado por questões de segurança de 27 para 12 quilómetros. O favorito mantinha-se, Filippo Ganna andou a arrastar-se 17 dias para chegar aqui, mas o potencial para diferenças entre os favoritos à geral diminuía.
No que à luta pela etapa diz respeito, Ganna foi o primeiro grande candidato a ir para a estrada, e apesar de ter assustado nos dois primeiros pontos intermédios com tempos assim assim, pulverizou tudo e todos no troço final, mais rápido, e tomou conta do hot seat, tirando de lá Ethan Vernon. O primeiro ciclista que se conseguiu colocar a menos de 10 segundos foi um enormíssimo Ivo Oliveira, que está numa forma incrível, e ficou com o 2.º lugar provisório e viria a fechar na 5.º posição. Veio Kung, veio Armirail mas nenhum dos dois conseguiu corresponder às expetativas e dar realmente luta a Ganna. Foi preciso esperar pelo camisola das bolinhas, Jay Vine, para apertar com o italiano. Passou no último ponto intermédio com 9 segundos de avanço mas a ponta final foi determinante para que o campeão italiano levasse de facto de vencida a etapa que tinha marcado como grande objetivo da sua participação aqui.
Faltavam os homens da geral e a luta mais ansiada, entre Jonas Vingegaard e João Almeida. O português arrancou primeiro e, como sempre, fez um contrarrelógio de menos a mais, fechando numa espetacular 3.º posição final e ganhando 10 segundos ao dinamarquês. Quem faz melhor num esforço como este tendencialmente é porque está com melhores pernas. Deixa-nos a pensar o que poderia ter sido com os 27 quilómetros originais e deixa-nos a sonhar com o milagre na Bola del Mundo.

O percurso
Tradicional dia de transição, uma pequena calmaria no meio da tempestade, um descanso entre as grandes decisões da GC que este ano nos tocam particularmente. Etapa à espanhola, com pouco metros planos mas sem subidas a sério. Terreno muito ondulado e chegada num falso plano, como nós tanto gostamos.

O que esperar
Eu espero uma fuga de roladores fortíssima na frente, mas há quem aponte para uma chegada ao sprint. A história diz-nos que nestas etapas de transição, já perto do fim das 3 semanas, costuma dar fuga. Há um pelotão muito cansado e, ainda para mais neste terreno, torna-se difícil de controlar. Na minha visão, apenas a Alpecin tem interesse em que chegue um pelotão compacto, o resto das equipas dos sprinters, como a Lidl, a Movistar ou a Israel, têm mais hipóteses a partir de uma fuga.
Por isso prevejo um dia muito rápido na frente, com uns 50 ciclistas na fuga, quem sabe com o pelotão a chegar 20 minutos depois. Depois virá a luta entre as tentativas de "fuga de la fuga" e os homens rápidos a tentarem controlar, já que imagino por exemplo uma Lidl a meter toda a gente no "pelotão" da frente.
No kick final, quer seja num grupo maior ou num grupo mais restrito, vai-se sprintar para a vitória.
Favoritos
Mads Pedersen — Em qualquer dos cenários, pelotão ou fuga, é o favorito. Mostrou já nesta Vuelta que consegue controlar os perigosos ataques finais e ainda dominar o sprint no fim. Última hipótese para o dinamarquês que não parece ter a velocidade de ponta suficiente para discutir a vitória em Madrid.
Filippo Ganna — Depois de 17 dias a passear, porque não duas vitórias seguidas. Quem vence está em forma e está confiante, e este homem se se apanha na fuga é um perigo. Primeiro porque se se isola é muito difícil de apanhar, segundo porque se o levam para a meta tem um sprint poderoso.
A não perder de vista
Orluis Aular — Deve seguir a estratégia e andar na roda de Mads o dia todo. Precisa de fazer algo diferente para, desta vez, no final, conseguir sair dela.
Jake Stewart — Uma fezada minha, o britânico está a ter um belo 2025 e acredito que estará presente na fuga. Aquele kick final tem mesmo a carinha dele.
Ben Turner — A INEOS tem várias cartas para jogar hoje. O Big Ben é uma delas, e já venceu nesta Vuelta numa chegada semelhante.
Jasper Philipsen — Caso dê pelotão. Ou caso ele mostre que é mais que um sprinter. Nunca pode ser descartado.
Bryan Coquard — Finais em falso plano? Chamem o Coq.
Alec Segaert — Eu gostava. Fuga de 50, momento de hesitação, lá vai ele para a meta sozinho todo contente.
Apostas falso plano
André Dias — Orluis Aular. Já ganhou em Setúbal, também ganha aqui.
Fábio Babau — Mads, porque se calhar não chegam a Madrid.
Henrique Augusto — BiGanna.
O Primož do Roglič — O pai das camisolas dos pontos. Dad’s Pedersen.
Miguel Branco — Nico Denz. Mercedes Denz mete a sexta.
Miguel Pratas — Até um relógio avariado acerta nas horas duas vezes por dia. Big Ben Turner.
Nuno Gomes — É Pedersen, porque há uma camisola para honrar.
Rogério Almeida — Agora sim ganha o Ivo.