Antevisão Etapa 2 — Vuelta a España
Acaba a subir, pelo que é dia de cada um se começar a meter no seu lugar. O primeiro teste desta Vuelta está aí.
 
                            Rescaldo da Etapa 1
Esta Vuelta que alimenta tantas esperanças nacionais teve hoje o seu inicio em Itália, e tudo decorreu de acordo com o previsto. Deixem-me só partilhar convosco que sou contra esta brincadeira das Grandes Voltas começarem nos países onde há outras Grandes Voltas. Espalhem e partilhem o amor pelo ciclismo e a hipóteses dos fãs de assistir por outros países.
Concluído este aparte, vamos à (simples) história do dia. Bandeira agitada e cinco homens isolam-se, a Alpecin e a Trek assumem o pelotão de forma calma com Novara como destino. O principal momento para a fuga era a única contagem de montanha existente no percurso — e que por isso dava direito a amanhã arrancar às bolinhas — que foi conquistada por Alessandro Verre. O italiano já tinha mostrado no Giro a sua capacidade a subir quando fez 2.º na decisiva etapa onde ultrapassaram a Finestre. Seguia-se um sprint intermédio conquistado por Pepijn Reinderink e onde nem houve disputa no pelotão já que na Vuelta apenas os cinco primeiros pontuam.
Hugo de la Calle ainda se isolou, na busca do prémio do mais combativo do dia, mas a vitória da etapa estava, previsivelmente, no pelotão. Muitas disputas por posição nos últimos quilómetros, como é habitual, mas desta vez felizmente sem ninguém ir ao chão.
Chegado o último quilómetro, tudo parecia estar decidido. A Alpecin tinha o melhor comboio, a melhor colocação e o melhor sprinter. E se é verdade que o ciclismo é pródigo em surpresas, este não foi o caso. Jasper Philipsen deixou a roda do seu lançador nos últimos 200 metros e acelerou rumo a uma autoritária vitória. Notar que o belga já tinha vencido a etapa inaugural do Tour, vestindo a amarelo, e agora veste a roja. Para um ano "mau", não se pode queixar.
Mads Pedersen andou sempre longe da frente e quem acabou por completar o top-3 foram Ethan Vernon e Orluis Aular. Destaque ainda para um Viviani renascido que fechou na 4.ª posição.

O percurso
Chegada em alto ao 2.º dia, não fosse isto La Vuelta. Felizmente, há coisas que nunca mudam. Etapa unipuerto e com uma subida final que vai começando a doer aos poucos.

Limone Piemonte deverá ser o palco da primeira luta entre os favoritos. Depois de uma entrada linda, em falso plano, os últimos três quilómetros já moem. Sempre em crescendo, 6.3%, 7.9% e 8.4% para fechar. É assim, como uma entrada, dá para matar o bichinho mas não mata a fome.

O que esperar
Fuga de pinos, eventual disputa no sprint intermédio se sobrarem pontos para o pelotão. Mas vamos ao que interessa, a subida final. A guerra pela colocação vai ser louca, já que depois de um dia que se prevê calmo, o pelotão vai chegar completo e fresco à fase de falso plano, com toda a gente a querer deixar os seus líderes com o melhor posicionamento possível (anda Ivo!).
Chegados os últimos três quilómetros, eu acho que pode haver um ataque ou outro, mas com tanta força no pelotão tendo a acreditar que vamos ter um "sprint" num grupo muito reduzido (10 ciclistas, no máximo) ou um late attack a solo nos últimos metros, aproveitando alguma hesitação do grupo.
Ou isso, ou o Vingegaard agarra e vai-se embora. Mas fazer uma antevisão só com um parágrafo é boring.
Este dia servirá sobretudo para começar a filtrar um pouco. Alguns homens vão mostrar que não estão aqui para a GC, abrindo para o lado e perdendo minutos. Outros, que venham com objetivos, começam a definir a hierarquia de quais são esses objetivos. Mas com tanta tanta montanha ainda pela frente, só se alguém tiver num dia mesmo muito mau veremos diferenças relevantes entre os principais candidatos. Ainda assim, é conteúdo bom para conclusões precipitadas por alguém ter perdido sete segundos, e isso é divertido.
Favoritos
Jonas Vingegaard — O fim é a subir. O Vingegaard é bom a subir. Depende muito da atitude com que ele vá encarar esta Vuelta, mas eu vejo-o a querer ser autoritário e por isso começar já desde a primeira oportunidade a faturar.
Giulio Ciccone — Está numa forma incrível, como mostraram as prestações em San Sebastian e em Burgos. Adora estes kicks, é muito explosivo e dificilmente o dropam.
A não perder de vista
Juan Ayuso — O Ayuso é malandro. Ok, não entra como líder, mas se tiver de roja como fica esta história? Ele dá-se bem neste tipo de chegadas, tanto no Giro como na Catalunha bateu Roglič que é um especialista nestes topos. Espero que não vença, sinceramente, mas acho que o Juan é um dos principais favoritos.
Thomas Pidcock — A questão é se ele aguenta ou não até aos metros finais. Já vimos Pidcock a subir muito bem este ano, no Tirreno, e depois menos bem, no Giro. Se tiver a top e a corrida for calma acho que se pode aguentar com os favoritos e sprintar no final para a vitória.
João Almeida — O João não está mais acima porque costuma ir de menos a mais nas Grandes Voltas e por vir de lesão. Apesar de estar um ciclista mais ofensivo, acho que a colocação será essencial e eu tenho sempre medo dele nesse capítulo. O objetivo deve ser não perder tempo mas se ele vir a meta lá ao fundo pode colocar em ação o belo sprint que tem demonstrado ao longo deste 2025.
Santiago Buitrago — Um outsider. Muito explosivo e, no seu dia, um ótimo trepador. Se os GC forem a fundo acho que ele não consegue disputar a etapa, mas também é daqueles que pode ter liberdade por não o verem como uma ameaça real.
Apostas falso plano
André Dias — Santi Buitrago. O início de uma lenda.
Henrique Augusto — Anda Pid. Serei, como já faço com outros ciclistas, o último a deixar de acreditar em ti.
O Primož do Roglič — Mads Pedersen. Dá para te posicionares como deve de ser?
Miguel Branco — Pidcock. Tou a gozar, ganha Ving.
Miguel Pratas — Tiberi dispara para a roja.
Rogério Almeida — Chico Ciccone.
 
             
            