Antevisão Etapa 4 — Giro d'Italia
O primeiro duelo com todos os sprinters. Kooij confirma o favoritismo, Mads faz o hat-trick ou temos surpresa?

Rescaldo da Etapa 3
Para fechar a passagem pela Albânia tivemos uma etapa que podia ser muito interessante ou uma seca. Infelizmente, foi a 2.º opção. Não uma seca total, é verdade, teve os seus pontos de interesse, mas eu tinha esperança que houvessem mais mexidas. Afinal, por muito bom que Mads Pedersen seja, e é, se ganha a partir do pelotão quando se fizeram dez quilómetros a mais de 7% é porque o ritmo não foi louco. A minha esperança era otimista, é verdade, mas pensei que equipas como A Red Bull, a Tudor ou a Q36.5 pudessem tentar pegar fogo à corrida, ou para ver se quem não vinha mostrando grandes pernas cedia ou para lutar pela etapa num grupo mais reduzido. Enfim, deixemos os meus sonhos e passemos à corrida.
Fuga na frente sem nenhum nome ameaçador, nem para a etapa nem para a geral, valendo apenas salientar a ambição de Joshua Tarling que, fresquinho da sua primeira vitória em Grande Voltas foi desde logo aventurar-se de novo, deixando curiosidade sobre o que serão as suas ambições noutras fugas mais adequadas a ele nesta Vuelta. Chegadas as dificuldades, os homens mais rápidos do pelotão foram ficando para trás um a um ao ritmo da Lidl-Trek. Um ritmo alto o suficiente para os velocistas não aguentarem mas não alto demais para deixar em dificuldades Mads Pedersen. Masterclass da Lidl-Trek, mais uma vez. Ainda existiram uns inconformados Pello Bilbao e Lorenzo Fortunato a saltar do pelotão, mas nunca ganharam muita distância nem foram um risco para a vitória final. Apesar disso, a ousadia valeu ao italiano a subida ao primeiro lugar na classificação da montanha, pelo que não foi em vão.
A partir do momento em que se cruzou o cume, a história já estava escrita e dificilmente sofreria alterações. A Lidl controlou as hostilidades e Mads Pedersen rematou na perfeição (mais) um ótimo leadout de Mathias Vacek. Corbin Strong não ficou longe mas nunca pareceu realmente colocar em risco a vitória do dinamarquês, que volta assim a envergar uma camisola rosa que tentará defender nos próximos dias. Destacar ainda novo 3.º lugar de Orluis Aular, belo início de Giro por parte do venezuelano.

O percurso
Pela primeira vez neste Giro, nada a dizer. É sprint, é uma etapa sem dificuldades e não costuma haver ventanias em Itália.

O que esperar
Fuga de pinos para mostrar a camisola e lutar por aquela classificação esquisita do Intergiro ou lá o que é. Chegados os quilómetros finais, sobretudo na entrada do circuito, começará então a montar-se a primeira grande luta de comboios deste Giro e aí, é ver quem é mais competente na colocação do seu sprinter.
Favoritos
Olav Kooij — Está cá para estas etapas e não terá assim tantas oportunidades. Há duvidas sobre a forma física depois da lesão que sofreu em Abril, mas deverá estar em condições, se não tinha ficado em casa. Em teoria é o mais rápido e deverá ter um bom leadout de Wout van Aert pelo que tem de ser considerado o favorito n.º 1.
Mads Pedersen — A Rosa dá asas, dizem. Mads não tem estado este ano ótimo em sprints massivos, mas é indiscutível que está com grandes pernas e super motivado, pelo que pode ser um perigo. Tirando Kooij, não considero ninguém claramente mais rápido do que ele e tirando Van Aert (?) também não vejo nenhum leadout melhor que Vacek. Se conseguir somar pódios neste tipo de etapas, a luta pela ciclamino é uma falsa questão.
A não perder de vista
Kaden Groves — Normalmente é, por entre os sprinters, o que melhor passa as dificuldades, algo que não se tem vindo a verificar neste Giro. Isso deixa algumas dúvidas quanto à forma de Groves mas traz toda a equipa com o objetivo de o deixar na melhor posição possível para vencer e, se assim for, não é de todo impossível fazê-lo.
Paul Magnier — Vamos lá então ver o que é que o miúdo vale no terreno dos grandes. Eu espero uma grande dupla com Lamperti durante este Giro, até porque depois do abandono de Landa é essa a esperança da Soudal para salvar a corrida.
Sam Bennett — Tem impressionado q.b. em 2025. Digo q.b. porque apesar das quatro vitórias já amealhadas, nenhuma delas foi contra concorrência do nível da que encontrará aqui. Ainda assim, o irlandês parece no melhor momento dos últimos anos e sabemos que, estando em forma, é muito rápido.
Milan Fretin — Um dos melhores sprinters da primeira metade da época é outro que tem de provar estar à altura do step up necessário para vencer nestes palcos. Eu acredito que tem capacidade para isso, falta prová-lo.
Matteo Moschetti — Vai ganhar uma ao longo das três semanas.
Apostas falso plano
André Dias — O peloton vai fazer um Fretin.
Fábio Babau — Piquenique Glovo. Casper van Uden.
Henrique Augusto — Mads Mads Super Mads.
O Primož do Roglič — O meu Grove é Kaden.
Miguel Branco — Olav Kooij. Seja bem-vindo.
Miguel Pratas — Paul Magnier fácil.
Nuno Gomes — Thijssen, lançado pelo Homem do Busatto.
Rogério Almeida — Wout lançar Olav.