Antevisão Etapa 5 — Giro d'Italia
Depois do caos de Lecce, veremos quem é duro na cidade de pedra.

Rescaldo da Etapa 4
O Giro chegou às suas origens ao quarto dia de prova. Agora em Itália, os ciclistas partiram de Alberobello e desde o início se percebeu que o final anunciado de sprint em pelotão compacto se iria confirmar.
Apenas um espanhol da Polti de seu nome Francisco Muñoz foi audaz o suficiente para ir para a fuga, mas ainda longe estava a meta, a cerca de cinquenta quilómetros, quando cedeu e se deixou apanhar pelo pelotão.
Quando ainda o espanhol estava na fuga houve uma queda no pelotão envolvendo Mads Pedersen, mas felizmente o dinamarquês não chegou a ir ao chão. Além disso, há a destacar o Red Bull KM, onde as bonificações de quatro e dois segundos foram ganhas por Isaac del Toro e Primož Roglič, respetivamente, fazendo com que o esloveno ganhasse mais uns pózinhos à concorrência.
Não havendo mais nada a registar, a chegada a Lecce podia ter corrido muito mal. As curvas dentro da cidade italiana eram bem complicadas e sabe-se bem o importante que é o posicionamento neste tipo de etapas para lançar o sprint. Inicialmente bem colocada a Visma, com Affini a proteger Olav Kooij, deixou-se ultrapassar pela Picnic na altura exata e foi Casper van Uden a ser o mais rápido nesta primeira etapa disputada em Itália. A surpresa foi grande, mas esta vitória valeu ouro para a equipa neerlandesa, pois após a última etapa tinha sido ultrapassada pela Astana na luta pela permanência no World Tour.
Os outros lugares do pódio ficaram para Olav Kooij e para Maikel Zijlaard da Tudor. O ainda camisola rosa, Mads Pedersen, terminou na quarta posição.

O percurso
Início de etapa em ligeira subida a preceder uma descida inclinada para depois cerca de sessenta quilómetros de terreno praticamente plano.
A animação aparece nos últimos cinquenta quilómetros com um sobe e desce onde há a destacar a subida de Montescaglioso. Uma quarta categoria de quase três quilómetros com pendentes a chegarem aos onze por cento.
A chegada será acidentada e com alguns topos com pendentes consideráveis. Valerá a pena ver nem que seja pela bela e pitoresca cidade de Matera*.
*Matera - conhecida como a cidade de pedra estima-se que seja a cidade mais antiga de Itália, com mais de 10.000 anos. Foi construída na rocha, com casas dentro de cavernas que perduraram até aos dias de hoje.

O que esperar
Não sei bem o que poderá dar esta. Creio que alguém pouco relevante pode tentar sair logo no início para se mostrar, mas nada de preocupante para o pelotão.
Os últimos cinquenta quilómetros irão depender muito daquilo que os favoritos à geral quererão da etapa, sendo que finais com esta dureza serão poucos neste início de Giro. Ainda assim, a dureza não é extrema, mas uma coisa parece-me certa — vários dos puros sprinters terão dificuldades em disputar a etapa.
Ou seja, eu diria que vamos ter um misto de top-10 entre homens da geral e puncheurs. E claro, o super rosa, Mads Pedersen.
Favoritos
Mads Pedersen — O dinamarquês está numa super forma já há largos meses e este Giro não está a ser exceção. Acredito que se agarrará com unhas e dentes à rosa, pois se a conseguir manter nesta tirada quase de certeza que será por mais duas etapas.
Wout van Aert — Nem sequer tentou ajudar Kooij e até perdeu tempo. O Van Aert de hoje em dia tem de fazer destas para tentar estar minimamente bem no dia seguinte. Ao que chegámos Wout.
A não perder de vista
Primož Roglič — Um final ao seu estilo e quase uma raridade neste início. Seria uma surpresa se ele não tentasse sprintar nos últimos cinquenta metros.
Tom Pidcock — Foi quinto na primeira etapa onde houve uma ascensão perto da meta. Com este terreno ainda mais acidentado, acredito que tentará vencer e se tentar pode muito bem conseguir.
Astana — A Astana tem várias cartas para atirar. Para além de Fortunato que pode tentar sacar alguns pontitos para a montanha no Montescaglioso, Ulissi e Scaroni também têm aqui um final que lhes apraz.
Orluis Aular — Foi terceiro na etapa um e na etapa três.
Corbin Strong — Foi segundo na etapa três, apenas atrás de Mads Pedersen. Amanhã pode ser demasiado duro para ele se demasiado atacado, mas há que contar com o australiano.
Andrea Vendrame — Daqueles que se a corrida não for muito atacada, estará lá certamente para sprintar.
Richard Carapaz — É maluco para arrancar no Montescaglioso e surpreender toda a gente. Um late attack à la Equador.
Juan Ayuso — Se Roglič for, ele vai ter de ir também.
Mais nomes a ter em conta, principalmente se a parte final for feita a um ritmo alto pelo pelotão: Max Poole, Davide Piganzoli, Ciccone (se não tiver ficado mal tratado da queda), Romain Bardet, Antonio Tiberi e Michael Storer.
Apostas falso plano
André Dias — O Pidcock ainda está em prova?
Fábio Babau — Richard Carapaz. Why not?
Henrique Augusto — Lá vou eu ter de trabalhar na crónica. Egan Bernal.
O Primož do Roglič — Fiorelli top-10 por favor. Era só o que gostava.
Miguel Branco — Amanhã é para a GC. Ganha Mads.
Miguel Pratas — Alpacini controla, Kaden Grovens concretiza.
Nuno Gomes — Corbin será o mais Strong.
Rogério Almeida — Sprinter Mathias Vacek.