Antevisão Etapa 7 — Giro d'Italia
Primeira vitória de Roglič com ataque nos últimos 500 metros?

Rescaldo da Etapa 6
Estava nos planos uma sesta prolongada que desde cedo se transformou numa etapa cheia de peripécias. Com um início a todo o gás, a primeira fuga do dia foi formada por um septeto que incluía o maglia azzurra Lorenzo Fortunato, mas rapidamente se esfumou quando um quinteto composto por nomes importantes como Tarling ou Vacek tentaram fazer a ponte. Ainda antes do Valico di Monte Carruozzo, a fuga do dia ficou definida com a icónica dupla Taco van der Hoorn & Enzo Paleni. Fortunato ainda se juntou à frente para ir buscar os pontos desta segunda categoria, voltando ao pelotão pouco depois. Até aqui, nada de extraordinário.
Entretanto veio a chuva. E apesar da corrida estar mais calma, com a Visma e a Alpecin a dirigirem o pelotão, a setenta e poucos quilómetros da meta começou a carnificina: uma queda envolveu cerca de duas dezenas de corredores, com destaque para Jay Hindley, que foi forçado a abandonar.
Corrida neutralizada em Itália. Uma queda no pelotão a envolver corredores importantes como Mads Pedersen, Adam Yates, Richard Carapaz, Lorenzo Fortunato, Derek Gee, Paul Magnier, entre outros.
— falso plano (@falsoplanoblog) May 15, 2025
🚨 Nota para o abandono de Jay Hindley.#GirodItalia pic.twitter.com/sNvcxJYSxZ
Devido à gravidade desta ocorrência, a organização neutralizou a etapa que retomou com uma decisão polémica: tempos para a GC fechados, não há pontos nem bonificações em jogo nos últimos cinquenta quilómetros; está a valer a etapa e nada mais. Mads Pedersen, a par desta deliberação e talvez ainda combalido da queda — ou já a pensar no Tagliacozzo —, tirou o pé do pedal e acabou por cortar a largos minutos.
Quem beneficiou com isto tudo foi a dupla Paleni & Van der Hoorn, que apenas foram alcançados a 2500 metros da meta. Ainda houve emoção no último quilómetro, quando Wout van Aert secou um ataque de Timo Kielich e chegou aos últimos 500 metros com alguma vantagem. Vendo que não ia a lado nenhum — quem diria? —, encostou e deixou os sprinters a sério brilharem. Aí, Kaden Groves bateu sem photo-finish Milan Fretin e Paul Magnier.

Olav Kooij, o favorito à partida mas abandonado pelo seu lançador, ficou tapado por Matteo Moschetti (relegado) e não conseguiu lançar o sprint, acabando por terminar fora do top-10. Mais uma disasterclass da Visma.
O percurso
Primeira chegada em alto. Finalmente, que isto dos sprints ou pseudo-sprints ou etapas potencialmente boas para o Pidcock e o Del Toro é giro mas já cansa. Agora é tempo de ver quem é que tropeça. Temos uma terceira categoria logo a abrir, para definir a fuga, e depois duas segundas categorias. Sempre a subir ou a descer, quase não há plano.

Tagliacozzo nunca recebeu um final de etapa do Giro. E percebe-se o motivo: é que a subida ao Monte Bove não é grande espingarda. São 12 quilómetros a 5.6%, onde o que conta mesmo são os últimos três.

Ora pois. No final sim, a coisa deve abanar. Mas antes, como se pode ver, a média mais alta é de 5.2%, o que é francamente pouco numa startlist com tantos e tão bons trepadores. Nos últimos três quilómetros, a conversa muda de tom: 9.5%, 10.3% e 7.6%. Vai valer por esse final e pela abordagem à subida, com o pelotão a passar pelo centro histórico da cidade de Tagliacozzo com o seu semblante medieval e encantamento arquitectónico. São, no total, 3500 metros de desnível positivo acumulado, o que já é significativo, mas não é mortífero.
O que esperar
No fundo, esta primeira etapa de montanha é para ver quem diz adeus à possibilidade de vitória. E, vá lá, há poucas coisas mais engraçadas do que ver os primeiros a acenarem para a câmara da moto, até para o ano, arrivederci. Além desse bombom que o final da etapa vai proporcionar, é dia de fuga grande, porque de facto a mesma pode ter sucesso; já há muito boa gente afastada da liderança e que terá, com toda a certeza, liberdade. Há também, claro, alguns pontos da classificação da montanha pelo caminho.
Quanto aos três quilómetros finais e à luta pela geral, a RB - BORA é capaz de não se importar muito que as águas se agitem pouco e a luta fique para os últimos 500 metros que são, afinal, a especialidade do seu líder, Roglič. Quanto à UAE e a Juan Ayuso, talvez não seja bem assim. Talvez seja dia para testar o seu maior rival; no entanto, a subida serve as características do esloveno e Ayuso não está, apesar de tudo, assim tão longe: 18 segundos.
Quanto a outros homens da GC, parece evidente: Derek Gee vai ter de se mexer. É o maior candidato ao pódio que mais atrasado se encontra e, por isso, todos os segundos contam.
Favoritos
Primož Roglič — A subida final é mesmo ao seu jeito. Final duro, o que deve suprimir algumas forças para os ataques vindouros e no último quilómetro suaviza ligeiramente para que Rogla possa acelerar para a clássica vitória ao sprint em altitude.
Juan Ayuso — Se por um lado não está longe, por outro, convém começar a ganhar confiança. Tem de demonstrar que é capaz de bater Roglič. Esta é a primeira oportunidade.
A não perder de vista
Lorenzo Fortunato — A vida de Fortunato tem sido passada na fuga. Amanhã, há mais pontos na montanha, portanto imagino que vá tentar novamente, o que também abre perspetivas para uma eventual vitória se a fuga tiver oportunidade.
Marco Brenner — O tempo perdido é garantia de bilhete de ida. A temporada, até ver, é bastante boa. Brenner vai ganhar uma etapa neste Giro, amanhã ou noutro dia.
Derek Gee — Uma eventual inclusão na fuga é impossível, não está longe o suficiente. Mas Gee tem de fazer qualquer coisa e um ataque já mais na fase final pode surtir efeito; talvez não sem levar outros nomes importantes, que podem resguardar-se às custas do canadiano e depois atacarem para a vitória.
Jefferson Alveiro Cepeda — O equatoriano começou a temporada com o título nacional de contrarrelógio. Depois disso, já esteve perto da vitória, mas a mesma ainda não se deu. Aqui tem um dia que é a sua cara.
Mads Pedersen — #GCPedersen ou #FreeVacek são as novas trends. O dinamarquês não está a subir nada mal e se a procissão até Tagliacozzo não for apressada, o maglia rosa, às cavalitas do seu sherpa chéquio, pode vencer mais uma ao sprint.
Apostas falso plano
André Dias — David Gaudu. A forma é só bluff.
Fábio Babau — Primão Roglič.
Henrique Augusto — Eu acredito que tu és Carapaz, Richard.
O Primož do Roglič — Começa mais um show esloveno no Giro.
Miguel Branco — Mads Pedersen. Ficaria muito surpreendido se não vencesse amanhã.
Miguel Pratas — Michael Storačar.
Nuno Gomes — Niklas Markl a partir da fuga.
Rogério Almeida — Mads, estão loucos... Mathias Vacek, senhoras e senhores.