Antevisão Etapa 7 — Vuelta a España

João Almeida pode botar lume naquele falso plano.

Antevisão Etapa 7 — Vuelta a España
Vuelta a España

Rescaldo da Etapa 6

A fuga formou-se logo nos primeiros quilómetros com cerca de uma dezena de ciclistas, com destaque para Pablo Castrillo, Lorenzo Fortunato e Jay Vine, especialistas nestas andanças. A Visma não via problemas em libertar a roja e foi dando margem aos fugitivos. Vine e Vervaeke iam dividindo os pontos mas, no Alto de la Comella, a 21 quilómetros da meta, o australiano da UAE distanciou-se e só o voltaram a ver depois da meta. Torstein Træen geriu bem na subida final a pensar na roja e foi bem sucedido, tendo sido o segundo a cortar a meta, a 54 segundos do vencedor. Fortunato e Armirail chegaram pouco depois e acabam por subir ao top-3 da GC.

Lá para trás, o momento do dia acabou por ser a quebra de Juan Ayuso, que descolou a sensivelmente cinco quilómetros da meta e perdeu mais de 7 minutos relativamente aos favoritos. Nesse grupo, Ciccone abriu as hostilidades a 2000 metros do fim — mais um excelente trabalho da Lidl a preparar o ataque do italiano — e apenas Vingegaard seguiu na roda instantaneamente — João Almeida não foi ao choque. Almeida Reboques entrou ao serviço e fechou o espaço ainda antes do último quilómetro. No final, foi o português o primeiro a arrancar e venceu o sprint desse grupo.

A subir:

  • UAE Emirates: etapa perfeita com a vitória do Vine e o berranço do Ayuso;
  • Bahrain: roja para o Træen e Tiberi a um bom nível no grupo dos favoritos.

A descer:

  • Ayuso: volta a perder credibilidade depois desta quebra abrupta ainda numa fase inicial da corrida. Já não tinha ficado bem na fotografia no Giro;
  • Gaudu & Landa: um dia mau para o Gaudismo e para o Landismo, perderam quase meio minuto.
O que têm Træen e Armstrong em comum? Lideraram GV com um testículo removido. (foto: Josep Lago | AFP)

O percurso

São 188 quilómetros com muita dureza — 4203 metros de acumulado é muita fruta — e com chegada em alto acima dos 1900 metros de altitude. A etapa começa em descida mas não por muito tempo. 13 quilómetros depois do tiro de partida, começa a primeira ascensão do dia, o Port del Cantó (24.9km @ 4.4%), uma subida longa e que vai suavizando — os primeiros 5600 metros têm uma pendente média de 8%.

Já depois dos 100 quilómetros percorridos terão de enfrentar duas segundas categorias muito idênticas: o Coll de la Creu de Pervés (5.7km @ 6.3%) e o Coll de L'Espina (7.2km @ 5.7%).

Andorra la Vella - Cerler. Huesca La Magia (188km)

A subida final à estância de ski é dividida em três secções duras que aliviam no final, pelo que a pendente média de 5.8% pode induzir em erro — até a própria extensão indicada não é real, porque o terreno já é inclinado alguns quilómetros antes do sprint intermédio. O último quilómetro da etapa é um gracioso falso plano.

Cerler. Huesca La Magia (12.1km @ 5.8%)

O que esperar

A fuga do dia deverá ser formada durante a primeira subida do dia. Há muitos pontos da montanha em jogo e muitos caçadores de etapa que querem deixar já a missão cumprida antes do primeiro dia de descanso, pelo que espero ver novamente nomes fortes na fuga. A (eventual) chuva pode beneficiar os fugitivos ao criar tensão no pelotão — por um lado levar a um ritmo mais conservador, por outro criar guerras de posicionamento que podem causar dissabores.

O conservadorismo demonstrado na última etapa já foi a pensar nesta? Independentemente do ritmo que vai ser imposto ao longo da corrida, tudo se vai decidir nos últimos 12 quilómetros, propícios a ataques e almeidadas. Vingegaard não é Pogačar e a Bahrain não tem a capacidade para controlar a fuga — nem deve fazer por isso porque tem Tiberi. Perfila-se mais uma boa oportunidade para os escapados.

Favoritos

Jonas Vingegaard — Ele vai arrancar e provavelmente ninguém o vai conseguir acompanhar. Pode é depois levar com uma almeidada à moda de La Loge des Gardes.

João Almeida — Deu muito boas indicações hoje e está motivado pela quebra do Ayuso. Pode botar lume naquele falso plano.

Giulio Ciccone — Intratável mas pela terceira vez cortou a meta na roda do Vingegaard. Está na hora de fazer pisca e arremessar os óculos.

Fugitivos

Marco Frigo — O champanhe está no frigo desde o Giro 2023, mas está difícil o italiano levantar os braços numa GV. A forma tem sido boa, pode ser desta.

Harold Tejada — A Astana vai meter alguém na fuga mas Lorenzo Fortunato e Harold Martín López não têm margem suficiente para tirarem bilhete. O explosivo Tejada é quem encaixa melhor no perfil da subida final.

Kevin Vermaerke — Hattrick para a UAE Emirates?

Jay Vine — B2B Vine não é descabido.

Juan Ayuso — Disse que afinal o objetivo é ganhar uma etapa e ajudar a equipa, por esta ordem.

Apostas falso plano

André Dias — Juan Ayuso, uma remontada para a despedida.

Henrique Augusto — Hi Guita.

O Primož do Roglič — O Cicco está on(e).

Miguel Branco — Damien Howson. E dedica a Pidcock.

Miguel Pratas — Jonas a solo.

Rogério Almeida — Fortunato é hoje.