Antevisão Etapa 9 — Giro d'Italia

2021: Bernal & Sterrato, Bernal vencedor do Giro. 2025: Bernal voltou ao Giro e o Sterrato voltou ao Giro. Enquanto os Astros se alinham, a poeira da areia branca solta-se.

Antevisão Etapa 9 — Giro d'Italia
Giro d’Italia

Rescaldo da Etapa 8

Numa etapa que se previa para a fuga, acabou por ser para a mesma. Mas não foi fácil encontrar a fuga, ideal ou final. Tivemos durante vários quilómetros uma fuga a três com Pedersen, De Pretto e Cattaneo e assim foi até ao primeiro sprint intermédio. A seguir, foi baralhar as cartas e voltar a distribuir.

Na contagem de terceira categoria tivemos alguns ataques, entre eles os de Piganzoli e Quintana. Piganzoli passou na frente da montanha. O pelotão voltou a reagrupar mas os ataques continuaram. E foi assim que ao longo de vários quilómetros, com entradas e saídas de elementos, se foi formando a fuga da etapa com cerca de vinte corredores. Entre eles o líder da montanha, Fortunato, que conquistou a montanha de primeira categoria, mas também Bardet, Steinhauser, Ulissi, Plapp, Arrieta, Kelderman, Vendrame, entre outros.

Entre ataques na subida e descida de Sassotetto, o grupo foi reduzindo e manteve-se unido até aos 50 quilómetros finais. Uma aceleração de Kelderman e Ulissi começou a dividir o grupo (que já era de 7 elementos) em 3 grupos. E foi aí que Plapp, até ao momento mais resguardado, começou a sua caminhada para a vitória, saltando de grupo em grupo com muita facilidade. Em 4 quilómetros, faz a ponte do 3.° grupo para a frente e ataca a 46 quilómetros da meta. A partir daí, fechou. Plapp foi isolado até à meta, onde os seus companheiros de fuga chegaram 38 segundos atrás dele, com Kelderman em 2.° e Ulissi em 3.°.

Com a corrida a ser disputada na frente, no pelotão tivemos acalmia total... até que em Gagliole, tivemos uma aceleração por parte de Pidcock e da UAE. Quase sem explicação: talvez por parte da UAE, para deixar a camisola rosa no corpo do Roglič? Mas nem aí, nem no sprint do Ayuso na meta conseguiram evitar que a camisola mudasse de corpo. E agora? É o Ulissi corredor de 35 anos da XDS Astana que fica com a camisola por 12" de vantagem sobre o seu colega Fortunato e 17" do Roglič.

Luke Plapp (foto: Luca Bettini)

O percurso

Aqui estamos nós para vos dar a antevisão da Strade Bianche. Mas desta vez o Dr. Emmett Brown alterou um pouco as coisas, talvez porque não temos Pogačar e, com muita pena nossa, eles "saltam" o Monte Sante Marie.

Tem um total de 29,7 quilómetros de setores de sterrato em 181 quilómetros de prova. É uma etapa que vai ter muito sobe e desce do início ao fim. Mas a parte importante é a 70 quilómetros para o fim, onde teremos o primeiro setor de sterrato e, durante os 36 quilómetros seguintes, segurem-se ao selim: vamos ter um total de 26,7 quilómetros de sterrato, com os setores de Pieve a Salti (8 km), Serravalle (9,3 km), San Martino in Grania (9,4 km).

A organização decidiu não incluir o Monte Sante Marie (que está na Strade Bianche) e saltaram para os setores Monteaperti di Soli (600 m) e Colle Pinzuto (2,4 km). Giro. Após isto, vamos em direção à Via Santa Caterina e o seu belíssimo final.

Gubbio — Siena (181km)

O que esperar

Uma corrida muito nervosa, com três tipos de nervosos: os que estão habituados a este terreno, os que já correram mas apenas em teste ou passeio sem nunca lutar por algo, e os que nunca andaram a comer pó​. A partir daqui, vamos subtraindo: os que se perdem no meio do pelotão, os que furam, os que param para um limoncello na estação de serviço... esse tipo de coisas.

Acredito que vai ser uma etapa muito atacada desde o primeiro setor de sterrato. Poderá dar para uma fuga chegar (e aí acredito em Davide Formolo). Mas acho que na geral vão começar a definir-se posições, seja por forma e boas pernas, seja por azares de uns e sorte de outros.

Nos da geral (e após o que se viu na etapa 7), espero um Bernal com vontade de vencer ou ganhar tempo. Depois temos os que fizeram top-10 este ano na Strade Bianche. Temos a presença do Pidcock e o Bilbao: e destes dois, acredito que o Bilbao vai ajudar o Tiberi, que traz uma boa equipa para atacar a corrida, e o Pidcock fica como um dos principais favoritos a vencer a etapa.

Bernal no Giro de 2021. Atrás dele, malta habituada à asma. (foto:cyclingweekly)

Favoritos

Thomas Pidcock — O principal candidato à etapa. Deve ter esta etapa marcada desde que soube que vinha ao Giro. Vencedor da Strade Bianche de 2023 e 2.º este ano, não pode deixar de ser favorito aqui.

Egan Bernal — Bernal, pelo que já mostrou na Strade Bianche. E pelo que mostrou na etapa 11 do Giro 2021 com sterrato, onde foi o primeiro do pelotão a chegar à meta e atacou a corrida. A forma que mostrou na 7ª etapa (sim, a deste ano) faz sonhar. A ver se o Henrique acaba a crónica.

A não perder de vista

Davide Formolo — Este ciclista parece que tem neste tipo de terreno a sua corrida fetiche.

Primož Roglič — Sem o sterrato ele era o favorito. Com sterrato? Vamos ver como corre.

Juan Ayuso — Já tem experiência neste tipo de percurso, como a Clássica de Jaén. Vamos ver como se defende ou se ataca a luta pela Classificação Geral.

Isaac Del Toro — Com o seu 2.° lugar na clássica de Jaén e o 13.° lugar na Strade Bianche deste ano. Se a equipa lhe der liberdade, vai lutar por um bom resultado.

Wout van Aert — Ciclista que já ganhou a Strade Bianche, podia ser o candidato número 1 a vencer esta etapa. Se estivéssemos em 2022. Mas não foi ai que o McFly nos colocou. Temos de contar sempre com ele porque, se aparecer na corrida, ao menos nós escrevemos sobre ele.

Apostas falso plano

André Dias — Vacek é a próxima grande Siena.

Fábio Babau — Mads porque sim.

Henrique Augusto — Afonso Eulálio.

O Primož do Roglič — As ruas de Siena ecoam Pidcock.

Miguel Branco — Kevin Geniets. Desde a fuga original.

Miguel Pratas — Show Van Aert.

Nuno Gomes — Pidcock desta vez não espera por ninguém.

Rogério Almeida — Egan Crónica Bernal