Antevisão — Grand Prix Cycliste de Québec

Se o Touro realmente voltou, esta não lhe pode fugir. A luta para ver quem é melhor To(u)ro do pelotão está ao rubro.

Antevisão — Grand Prix Cycliste de Québec

Introdução

É assim, sei eu e sabes tu que como está a Vuelta nós queremos é que metam o Québec no cu. Mas o falso plano é um estabelecimento sério, responsável, coerente e, como tal, se é prova do World Tour, nós fazemos uma antevisão.

Mais a sério, eu gosto deste duo de clássicas. É um aquecimento rumo aos Mundiais/Lombardia, o regresso de algumas caras conhecidas e com percursos interessantes. Dá assim à hora do serão, que é agradável para mudar as rotinas. É diferente mandarem vir comigo por estar a ver ciclismo às 16, como habitual, ou à hora de jantar, como é o caso aqui. Soma-se a isso serem hoje as únicas provas WT no continente americano, infelizmente.

A passagem pelo Canadá faz-se em duas partes. Uma primeira mais amiga dos sprinters, com menos dureza, e que permite alguma imprevisibilidade. E depois uma segunda parte que é ganha por Tadej Pogačar. Hoje estamos aqui reunidos para falar da primeira, na região do Québec.

O vencedor de 2025 a festejar a vitória de 2023. (foto: CyclingNews)

O percurso

Um pouco menos duro do que noutros anos, o circuito da prova composto por 781 voltas tem como principal, e única, dificuldade a subida ao Col de la Montagne, que apesar do nome conta apenas com 600 metros a 8.8%. A meta está colocada poucos metros depois da 781.º passagem por esta subida, num belo dum falso planão.

Québec — Québec (216km)

O que esperar

Eu espero um belo início de noite no sofá, que esta corrida costuma ser animada.

Pogačar já vai para a sua terceira vez na linha de partida e ainda nunca venceu a prova. Deixo o desafio aí para casa sobre se isso acontece com mais alguma prova que não a MSR. As tentativas do esloveno para inverter esta estatística terão de passar por atacar, atacar de longe e atacar forte, na busca de formar um grupo restrito onde ele tenha mais hipóteses de vencer ao sprint, já que aqui não acredito existir dureza suficiente para o campeão do mundo se ir embora nos seus famosos solos.

Apesar de acreditar que vai ser protagonista, vejo com dificuldade a possibilidade de vencer. Inclusivamente não sei se será a aposta n.º 1 da UAE, que conta, como sempre, com um bloco poderoso. Muito bom puncheur que por aí anda vai querer aproveitar a boleia. Mas eu acredito que, sobretudo com este percurso mais soft, vai acabar em sprint num grupo ainda relativamente grande, como tem sido o normal. A única exceção nos últimos anos foi Benoît Cosnefroy, mas já não se fazem atacantes desse gabarito.

Sprintalhada em falso plano à hora de jantar. Como não gostar?

Favoritos

Arnaud de Lie — O renascimento parece ser oficial, e se assim é, tem de ser o favorito. Foi aqui que se estreou a vencer no WT, em 2023, e eu acredito que irá repetir a dose.

Wout van Aert — Subidinhas que selecionam o grupo e levam a coisa para a linha de meta​ normalmente são o território do Wout. O sprint não tem estado top este ano mas acho que aqui tem uma boa chance de voltar às vitórias.

A não perder de vista

Tadej Pogačar — É o Tadej. Ver se não aparece aborrecido e vai tornar esta corrida muito interessante no seu desespero de deixar para trás os homens rápidos.

Michael Matthews — Nas últimas 6 edições, 6 pódios e 3 vitórias. Tem estado discreto este ano mas o histórico na prova impressiona de tal forma que não dá para o perder de vista.

Biniam Girmay — As oportunidades para picar o ponto este ano começam a escassear e um ciclista deste calibre não devia fechar uma época sem levantar os braços. Passa bem as dificuldades e é rápido, supostamente é a fórmula perfeita para vencer aqui.

Jhonatan Narváez — O líder da UAE. É meterem o grupo a 20 unidades e torna-se um dos principais candidatos à vitória.

Quinn Simmons — O inicio por terras norte americanas não correu bem, com o abandono em Maryland. Ainda assim, aposto que vai estar entre os melhores e tentar um dos seus tradicionais late attacks.

Alberto Bettiol — Bettiol para mim nunca é para perder de vista, ele é tão bonito. Além disso, está em forma, tomem cuidado.

Julian Alaphilippe — Loulou está bem neste fim de época. Montreal é melhor para ele mas não descarto uma boa prestação já nesta prova.

Corbin Strong — Se há ciclista que é tipo o Matthews é este, por isso adivinho 6 pódios nas próximas 6 edições. Já fez 2.º em 2023.

Apostas falso plano

André Dias — Afonso Eulálio. Só aposto em malta que já correu na Serra da Arrábida.

Fábio Babau — Ou ganha Bettiol ou eu não percebo nada de ciclismo.

Henrique Augusto — De Lie não vai dar hipóteses nenhumas a ninguém.

O Primož do Roglič — Alberto Bettiol não costuma dar hipóteses nestes terrenos.

Miguel Branco — Narváez. Chegou a altura do Pogi pagar o Hautacam.

Miguel Pratas — Strong. Vão ficar todos corbinados.

Nuno Gomes — Pogačar. Fica só Roubaix e MSR por cumprir.

Rogério Almeida — Claro quem mais... De Lie.