Antevisão — Hamburg Cyclassics

A clássica da hamburga.

Antevisão — Hamburg Cyclassics
Hamburg Cyclassics

Introdução

Há coisas que guardamos para a vida. No meu caso, uma delas é o facto de a minha avó dizer sempre "hamburga" quando se referia a um hambúrguer. Isso fez com que eu ganhasse carinho pela expressão e, daí em diante, não sei bem quando — por isso talvez seja parvo dizer daí em diante mas agora já está e pareceu-me que ficava bem no texto, quer dizer médio —, passei também eu a empregar sempre o termo "hamburga". "Ó filho, queres que a avó te faça uma hamburga para o almoço?". Claro que quero. E é por isso que, naturalmente, esta é a clássica hamburga.

Esta é, na verdade, a 28.ª edição da Clássica Hamburga. Uma prova que às vezes, quase nunca, mete pickles, molho barbecue, aquele cheddar maturado bem potente — como aconteceu em 2022, quando Haller bateu Van Aert e Hermans, numa corrida toda partida, com um final espectacular —, um sonho. Na maioria, apesar do percurso ser interessante para uma clássica quase sempre disputada ao sprint, é um cheese natura bem seco. Ok, se calhar estou a ser injusto, a starlist é boa e aqueles últimos cinco quilómetros são bem interessantes de seguir. Viva o sprint, porra. Sempre a quererem matar o sprint. O que é que vem a ser isto, afinal? Em 2024 venceu Olav Kooij, em 2023 venceu Mads Pedersen, em 2022 venceu Haller e de 2017 a 2019 venceu Viviani. Ó vó, faz lá uma hamburga ao teu netinho.

E quando o Haller deu um granda bigode em 2022? (foto: SprintCyclingAgency©2022)

O percurso

Final em circuito no acesso a hamburga, com o Waseberg como grande obstáculo: 700 metros a mais de 9%. A isto acrescem vários outros muros que tornam este um circuito bem catita.

Buxtehude-Hamburg (207.4kms)

O que esperar

É assim, olhando para a lista de partida, eu espero um sprint em pelotão compacto. No entanto, não sei se chegam todos, porque acho que a subida vai ser muito rápida. E porque acho que muito boa gente sabe que se for para a linha de meta com o Milan a grande probabilidade é perder. Nomes como Girmay, Groves, Van Aert ou Van Poppel, têm todo o interesse em que o sprint seja feito num grupo mais seleccionado.

Eu diria que Milan, até porque leva a habitual super equipa em seu redor, com muitas carruagens — Declercq, Stuyven, Consonni, Theuns, Vergaerde —, parte como claro favorito. Vejamos se, tendo em conta o percurso e o seu favoritismo, o cenário final não acaba por ser outro.

Depois há outra vertente. É que com a maior dureza da prova e a presença da equipa da UAE com tantos diabinhos à solta… Muita cautela, senhores velozes. Se Del Toro decide ir embora a solo, e ele anda a especializar-se nesse campo, não sei não. Pode bem dar-se o cenário de Del Toro a solo, uns quantos tentam sair, ninguém consegue depois seguir de forma efectiva, e atrás os sprinters lutam pelo segundo lugar.

Favoritos

Jonathan Milan — É isso, é o melhor sprinter presente. Aquele que seguramente parte como alvo a abater.

A não perder de vista

Kaden Groves — Sabemos como tem andamento para levar esta corrida a uma situação em que o sprint seja bem reduzido. E aí…

Wout van Aert — Ora aí vai outro. Grande candidato para uma situação em que não estejamos perante um sprint massivo. E em 2022, aqui na hamburga, bateu no poste.

Paul Magnier — É um corredor inacreditável. A força. A ousadia. A capacidade que faz deste corredor muito mais do que um sprinter. Vejamos se encontra o caminho para bater Milan. A equipa não é a melhor que já teve ao seu dispor.

Danny van Poppel — Em 2023, foi segundo atrás de Mads. É um corredor que se ajusta lindamente a este traçado. E a sua inteligência conta muito.

Isaac Del Toro (e companhia) — Pois. Não é? Pois é. É que se a UAE decidir que vai com a carga toda — e nós sabemos que a maioria das vezes é isso que acontece —, vamos ter problemas para os sprinters. Del Toro está a andar como poucos. A isto ainda se junta António Morgado, Jan Christen, McNulty… Mãezinha.

Apostas falso plano

André Dias — Felix Engelhardt. Os sonhos acontecem em casa.

Fábio Babau — Riley Sheehan, com aquele late attack.

Henrique Augusto — Ganha Bini, que acabar o ano a zeros parece mal.

O Primož do Roglič — Christophe regressa pela porte grande.

Miguel Branco — Paul Magnier. Vai atacar a 40kms.

Miguel Pratas — Jonathan Milan limpa uma clássica. Finalmente.

Nuno Gomes — A história diz que ganha Elia Viviani.

Rogério Almeida — Com Laporte a abrir a época, WvA não perdoa. Mas ganha Capiot.