Antevisão — Renewi Tour

Será Morgadão misericordioso o suficiente para deixar o pobre Mathieu van der Poel vencer?

Antevisão — Renewi Tour
Renewi Tour

Introdução

A mais curta das provas por etapas WT chega numa altura estranha da temporada. Chega com um percurso estranho para esta altura da temporada e traz nomes que não costumam estar em destaque nesta altura da temporada. É, no fundo, um pouco de Primavera no pico do Verão, para ajudar a aguardar pela Vuelta, para nos lembrarmos que os sprinters também são gente, para nos recordarmos que Mathieu van der Poel é um dos melhores ciclistas do mundo e, acima de tudo, para termos quilómetros Gold/Green, que é um conceito incrível. Há classicómanos para dar e vender, há gente muito rápida, há Morgadão em forma e há pavé. Ingredientes portanto reunidos para boa animação. Não incrível, mas boa animação.

Queria só lembrar que esta prova existe desde 2005, tem em Tim Wellens o seu maior dominador, com quatro vitórias, e tem a particularidade de mudar de nome como quem muda de calças. Tour of Benelux, Eneco Tour, BinckBank Tour, Benelux Tour e, agora, Renewi Tour. Já desde 2023, por isso deve estar quase na hora de voltar a mudar.

O Renewi é uma corrida simples. São 200 ciclistas e no fim ganha o Tim. (foto: RTL)

O percurso

Etapa 1 — A zero metros de altitude arranca, a zero metros de altitude termina. Pelo meio, zero altitude. Suspeito que vá ser um sprint.

Nota: Em todas as etapas existe o "Green Km" que consiste em três sprints bonificados dentro do mesmo quilómetro, cada um deles atribuindo 3, 2 e 1 segundos aos três primeiros classificados.

Terneuzen - Breskens (Sluis) (182.6km)

Etapa 2 — Esta já tem para aí uns 20 metros de desnível. Jakobsen não está presente, pelo que todos os homens rápidos devem conseguir discutir a etapa. Era simpático num destes dias haver assim uma ventania do cacete para animar isto.

Blankenberge - Ardooie (172.7km)

Etapa 3 — Sprinters, cheguem pra lá. É dia de clássica, sobe e desce, desce e sobe, olha um empredradozinho e uma chegada em alto. É o dia com maior potencial para fazer diferenças. Na edição transata Arnaud de Lie triunfou aqui enquanto Tim Wellens chegou à liderança da geral.

Aalter - Geraardsbergen (181.8km)

Etapa 4 — Mais um dia acidentado, é difícil encontrar um metro plano mas também é difícil encontrar uma subida dura com mais de 500 metros. Pode dar muito espetáculo dado que deveremos ter uma corrida muito aberta e com muitos ciclistas com ambições legitimas de alcançar um bom resultado. Chegada em ligeira subida.

Riemst - Bilzen-Hoeselt (198.5km)

Etapa 5 — A organização conta 28 (!) topos. Façam-se então os ajustes finais na classificação.

Leuven - Leuven(184.7km)

O que esperar

Se o vento não fizer das suas, arrancamos com dois dias rápidos. E não faltam homens para se destacar nesse terreno, com Tim Merlier à cabeça, o atual "melhor do mundo" para mim. Olav Kooij vem tentar surpreender o belga e eu ficaria surpreendido se outros nomes — como Fretin, Groenewegen, Girmay, Molano ou Bittner — conseguissem roubar a vitória a essa dupla nos dois primeiros dias.

Depois começa a agitação, a festa. São três dias absolutamente caóticos onde as dinâmicas de grupo, as jogadas coletivas, os timings de ataque e as pernas, sempre as pernas, farão a diferença. Olhando para este percurso e havendo Mathieu van der Poel, é sempre difícil imaginar um resultado que não seja a sua vitória, mas também é verdade que o "oito vezes vencedor de monumentos" de vez em quando aparece fora de forma nas provas e que a concorrência é de alto nível.

A UAE, como sempre, traz um bloco assustador que conta com Wellens, Morgado, Florian Vermeersch e Rui Oliveira. Também a Lidl, cada vez mais uma equipa de topo, traz Vacek, Stuyven e Nys. A própria Alpecin traz muita qualidade para rodear o seu lider, merecendo destaque Tibor del Grosso, que está a fazer uma grande época, e Gianni Vermeersch.

Estes são os três principais blocos da corrida e acredito que sejam eles os que vão assumir o controlo da mesma. Ainda assim, abundam homens que podem surpreender. Matej Mohorič adoraria salvar a época, Maxim Van Gils idem aspas, Arnaud De Lie aspas idem. Há outros nomes que têm vindo a andar bem e merecem menção, como Axel Laurance, Lewis Askey e Rick Pluimers, No fim, ganha Lukáš Kubiš, desculpem avisar já.

Favoritos

Mathieu van der Poel — Se vier com pernas decentes, deverá ganhar com relativa facilidade a etapa 3 e já não mais largar a liderança da prova.

Tim Wellens — Diz que não está a 100% fisicamente, mas a minha mãe sempre disse para não confiar em estranhos. E também sempre disse que não há 4 sem 5. A minha mãe fala muito.

A não perder de vista

Mathias Vacek — Parece que foi o próprio a desenhar a prova, é perfeita para ele e não me surpreenderia nada se se estreasse aqui a vencer no WT (aquela vitória no UAE por causa de uma birra não conta).

Arnaud de Lie — O Touro voltou, aparentemente. Tem-se mostrado a um belo nível recentemente e, assim sendo, é naturalmente um dos favoritos. Pode conseguir bonificar nos dois primeiros dias, se correr bem, e partir com vantagem sobre o resto da malta que aguenta as dificuldades dos dias seguintes.

Tibor del Grosso — Este miúdo é uma máquina. Pode aproveitar hesitações e alguma liberdade que lhe será concedida pelos adversários por ser colega de MvdP.

Axel Laurance — Eu gosto dele, sempre gostei. E acho que é neste tipo de terreno que devia ter condições de brilhar alto. É uma fezada.

Alberto Bettiol — Agora entramos na secção "o artigo é meu para mim os favoritos são quem eu quiser e se quiserem dar opinião agradeço mas não ouço lamento imenso amigos foi um prazer". Imaginem eu escrever um artigo inteiro e não mencionar Bettiol. Ainda por cima aqui, onde realmente pode fazer um bom resultado e onde parece chegar com boas pernas após uma participação positiva na Polónia.

António Morgado — Wellens não está a top? Morgadão está, esperemos nós. É o tipo de prova para o bigode tuga brilhar, sem subidas duras mas com muitos topos e etapas rompe pernas. Anda miúdo.

Apostas falso plano

André Dias — Maxim Van Gils. E viva o Beneluxo.

Henrique Augusto — O coração diz Bettiol. O cérebro, esse, diz Alberto.

O Primož do Roglič — Tri Wellens.

Miguel Branco — Tim Wellens. Esteve doente depois do Tour, portanto está perfeito.

Miguel Pratas — Mathias Vacek mostra ao Nys como se faz.

Nuno Gomes — No parquinho do MvdP ninguém brinca!

Rogério Almeida — Se Morgado deixar ganha o MvdP.