Antevisão — Tour of Guangxi
O gangue volta a Guangxi.

Introdução
Mais um ano em que o World Tour termina na China, à volta da região autónoma de Guangxi. Toda a gente quer picar o ponto para conseguir os últimos pontos no calendário, marcar uma posição nas suas equipas ou impressionar para um futuro contrato.
O percurso é exactamente igual ao de 2024. Ok que isto é na China mas não era preciso exagerarem nas cópias. Na última edição, o caneco foi para Lennert van Eetvelt (as melhoras, campeão), com os 2.º e 3.º lugares a ficarem com Oscar Onley e Alex Baudin. Este ano, ninguém do último pódio está presente. É baralhar e voltar a dar.

O percurso
Etapa 1 — Circuito de quatro voltas na cidade portuária de Fangchenggang (é tipo Leixões), com umas lombas pequenas para causar desafio ao pelotão. Aqui o gangue vai chegar em grupo.

Etapa 2 — Etapa plana com uma segunda categoria a cerca de 30 quilómetros da meta. São 11 quilómetros, mas a 3.3%. O ano passado deu sprint compacto, mas há sempre espaço para uma triagem no pelotão.

Etapa 3 — O pelotão vai ter de estar atento a esta. O que, em teoria, seria um sprint pode despertar o apetite de alguns ataques tardios. Aquela subida a 15 km da meta parece apetitosa.

Etapa 4 — Dia de comboios, dia de sprint.

Etapa 5 — A etapa que seguramente decidirá o vencedor da Geral. Os puncheurs e montanhistas vão lutar para chegar primeiro ao topo do Nongla Scenic Spot; começa com uma rampa de respeito – 1.2km a 14.8% (!) de média – e mais 3 km a perto de 7%. Vai doer.

Etapa 6 — Mais um circuito, desta vez em Nanning, para fechar como começámos: com um sprint compacto. Destaque para a segunda categoria (1.3km a 11.5%), só para dar uns vincos nesta tábua de engomar.

O que esperar
Buffet chinês nos primeiros dias, porque não há prova asiática que não dê em fartura para os sprinters de segunda linha. É verdade que, no ano passado, a Geral foi apenas decidida pela etapa 5, mas a lista de saída deste ano promete um pouco mais em termos de malta com punch. Por isso, atenção ao final das etapas 3 e 4.
A UAE está com a fezada toda de chegar às 100 vitórias na temporada e trouxe aqui muito boa gente para o tentar (já falamos deles). Cabe ao resto das equipas estragar a festa da super-equipa com muito trabalho no controlo do pelotão e alguns ataques que surpreendam. Nesse capítulo, a Lidl, a Visma e a Red Bull vão ter de assumir as responsabilidades, se quiserem fechar a época com mais uma alegria.
Favoritos
Mattias Skjelmose — Antes que o Ayuso chegue à Lidl-Trek, é hora de mostrar serviço. Este ano não tem sido feliz em provas por etapas do WT: tem dois DNF e um 5.º à Geral no País Basco. Enquanto não se convence que é melhor para clássicas, continua a ser (para mim, de longe) o melhor ciclista para atacar a etapa 5, levar a Geral para casa e mostrar aos patrões quem continua a ser o líder da Lidl.
Jhonatan Narváez — São fãs de histórias redondas, que começam tal e qual como acabam? A UAE também. E por isso é que traz Narváez à China: em busca das 100 vitórias na época, porque não com o vencedor da 1.ª prova World Tour da temporada, o Tour Down Under? A estratégia é a mesma (vencer a etapa 5, bonificações nos sprints das outras), vamos ver se as pernas lá estão. Era poético.
A não perder de vista
Jan Christen — O suíço já começa a ficar conhecido por atacar em tudo o que é lomba, muitas vezes para desespero da própria equipa. O pelotão deve estar controlado, mas se lhe dão uns metros em Nongla...
Roger Adrià — Eu não acredito, mas não quero fazer figura de parvo se ele resolver acordar a meio de outubro.
Cian Uijtdebroeks — A forma está lá, o percurso encaixa bem. É aproveitar antes do adeus a este ciclista de 22 anos (vai para a Movistar).
Pello Bilbao — O final de época tem sido tudo menos brilhante. Mas eu ainda me lembro daquele fevereiro mágico em que fechava pódios. Anda lá, homem. Às vezes, é preciso chegar-lhe a roupa ao Pello.
Rui & Ivo Oliveira — Destaque nacional para os irmãos Oliveira. O Rui poderá ter aqui alguma hipótese de ir sprintar por aquela 1.ª vitória World Tour, sobretudo no último dia.
Apostas falso plano
André Dias — Mattias Skjelmose. Traz o Ayuso que quiseres pá mesa. Onde come um, comem dois.
Fábio Babau — Não querias Fausto Masnada.
Henrique Augusto — O último lugar será entre You Li, Yuheng Li e Zhen Li.
O Primož do Roglič — Roger, não dá para Adriá mais.
Miguel Branco — Jhony Narváez. O trabalho compensa.
Miguel Pratas — A nova promessa chinesa. Xin Pang Zhe.
Nuno Gomes — Stanisław Aniołkowski. Só precisa de um empurrão.
Rogério Almeida — Já estou em modo Ciclocross, Gravel e MTB. Vai para o campeão do mundo Hatherly.