Antevisão — World Championships ME - RR
A primeira em África, a segunda de Pogačar.

Introdução
Mais um ano, mais um campeonato do mundo de ciclismo. E desta, pela primeira vez na história, a elite mundial viaja até solo africano.
Kigali, desde 1962, é a capital do Ruanda e está a ser palco dos mundiais de estrada de 2025. A cidade tem a sua história manchada por um dos episódios mais sangrentos da história do Ruanda, o Genocídio de 1994, onde milhares de pessoas, a maioria Tutsi, foram assassinadas por gangues Hutus e pelo exército ruandês. Acontecimento este que foi originado por questões territoriais e não étnicas, até porque ambos falavam a mesma língua e partilham a mesma cultura.
Este é um assunto que tem vindo ao de cima nos últimos tempos, até pelos protestos que se sucederam na Vuelta contra o que se está a passar em Gaza e pelo facto do Ruanda ter um conflito ativo com a vizinha República Democrática do Congo.
Ainda assim, hoje em dia Kigali é um exemplo de superação sendo um importante centro económico, cultural e político da África Oriental. É também uma cidade segura, uma das mais limpas e sustentáveis do mundo, e aparentemente os únicos obstáculos que os ciclistas poderão ter serão, para além do percurso, o calor e uma possível trovoada.
*Tutsi - Minoria aristocrática que ganhava a vida com a criação de gado.
*Hutus - Maioria da população, predominantemente a viver da agricultura.

O percurso
Bem, estamos perante um dos percursos mais difíceis da história dos mundiais de estrada.
De Kigali a Kigali são praticamente duzentos e sessenta e oito quilómetros com cerca de cinco mil e quinhentos metros de acumulado divididos em nove voltas no circuito principal citadino, com cerca de quinze quilómetros, com mais uma volta numa extensão do percurso e mais seis voltas em outro segmento de extensão.
Nos segmentos de extensão, teremos 3 subidas, o Cote de Peage (2.2km a 5.8%), o Mont Kigali (5.9km a 6.8%) e o Mur de Kigali (0.3km a 13.7%).
Dentro do circuito principal teremos duas:

O Cote de Kigali Golf, oitocentos metros com pendente média de oito por cento e máxima de catorze...

... e o Cote de Kimihurura, com pouco mais de um quilómetro e pendente média de seis por cento. Subida mpedrado, que já fez parte da prova de contrarrelógio e que ficará para a história pelo facto de ter sido aí que Remco Evenepoel dobrou Tadej Pogačar.
De salientar ainda que a prova vai ocorrer a mil e quinhentos metros acima do nível do mar, aumentando ainda mais a dificuldade da corrida, como se já não fosse dura o suficiente.

O que esperar
Vou ser muito direto naquilo que penso sobre esta corrida. Ah e tal, o Poga foi dobrado pelo Remco na vertente de contrarrelógio. Pois foi e foi histórico, mas aqui a história vai ser outra. Venha quem vier, Tadej Pogačar vai revalidar o título mundial. A dúvida está só em que momento vai começar o seu solo até à meta.
Não só é o mais forte, como acho que também a sua seleção, Eslovénia, é a que tem o bloco mais forte. Podemos falar da França que tem um bloco interessante com Madouas, Seixas, Valentin, Jegat e até Alaphilippe. Podemos olhar também para a seleção italiana, com Ciccone à cabeça e depois Fortunato e Frigo, ou até mesmo a Australiana com Vine, Hindley e Storer e a britânica com Pidcock como líder, depois da grande Vuelta que fez, e escudado por Blackmore, Onley e Fred Wright.
Depois individualmente, um super del Toro, um consistente Skjelmose e claro, Remco Evenepoel, e coloco-o neste lote, porque sinceramente esperava um bloco mais forte da Bélgica.
Para juntar, àquilo que esperava da Bélgica e não vamos ter, a desilusão da seleção holandesa e a expetativa para a espanhola com Juan Ayuso à cabeça. Acho que o espanhol da UAE pode ser inesperadamente, se calhar para alguns, o maior rival de Tadej Pogačar. Está aqui um hot take.
Destaco por fim a seleção portuguesa composta por Ivo Oliveira, Tiago Antunes, Afonso Eulálio e António Morgado.

Favoritos
Tadej Pogačar — Como já disse, vai vestir por mais um ano a camisola do arco-íris.
A não perder de vista
Remco Evenepoel — Vai atacar e vai acabar por rebentar. Isto não é todos os dias contrarrelógio.
Thomas Pidcock — Gostava de o ver na forma da Vuelta e vê-lo atacar Poga como atacou Ving. Será que a forma espanhola ainda está lá?
Mattias Skjelmose — Não vai responder a Pogačar, mas vai andar pelo grupo perseguidor e lutar pelo pódio.
Juan Ayuso — Para mim, o joker desta prova, pois vai ser o osso mais duro de roer para o esloveno.
Giulio Ciccone — Vai seguir Poga no primeiro ataque e depois descola.
Isaac del Toro — Espero uma bela prova do mexicano, mas acho que não ter equipa vai acabar por se notar consideravelmente e hipotecar algo melhor.
Apostas falso plano
André Dias — Oh mãe, o Skjelmose bateu-me.
Fábio Babau — Natnael Tesfazion chega em 14.º.
Henrique Augusto — O Bettiol vai?
O Primož do Roglič — Lembram-se do Pokémon Togepi? Agora teremos o Pogabi.
Miguel Branco — Isaac del Toro. Taco sunday.
Miguel Pratas — António Eulálio a partir do Mur de Kigali.
Rogério Almeida — Já fez 3.º e 2.º, está na hora de ganhar, Martin Svrček. Estou a brincar, é Pogačar claro.