Antevisão — World Championships WE - RR

A única certeza que tenho para este Mundial, é que a Bélgica não vai ter a próxima campeã do Mundo.

Antevisão — World Championships WE - RR
UCI Road World Championships 2025

Introdução

O meu primeiro contacto com ciclismo feminino profissional (pelo menos registado no meu disco rígido) foi nos Jogos Olímpicos de 2008, em que me lembro de ver uma jovem, a sueca Emma Johansson, a lutar, a atacar, a responder para tentar levar o título de campeã olímpica debaixo de chuva e vento. Mas não conseguiu ficou em 2.° atrás de Nicole Cooke (umas das melhores ciclistas de sempre). Então o nome da Emma ficou na memória, e em 2013 no Campeonato Mundial (que ano de boas memórias), e quando na altura vi que a Emma ficou em 2.° sendo só batida pela Rainha Marianne Vos (o último dos seus três títulos mundiais) fui procurar vídeos dessa prova. E que prova minha gente. Na altura lembro-me de ficar com inveja de não ter visto a prova toda, pois sei que só vi um resumo alargado. Desde aí que comecei a seguir mais o ciclismo feminino.

Os mundiais de estrada das mulheres têm a sua primeira edição em 1958, em 64 edições já ultrapassadas temos como grandes dominadoras a francesa Jeannie Longo com 5 vitórias. Tivemos um total de 45 vencedoras diferentes.

Em prova temos duas campeãs mundiais que desejam aumentar o seu palmarés: Anna van der Breggen (2 vitórias) e a Pauline Ferrand-Prévot (1 vitória). A belga Lotte Kopecky detentora do título mundial nos últimos dois anos não marca presença para defender o seu título.

Kopecky quando era a melhor classicomana (foto: theguardian)

O percurso

O percurso é todo feito em circuito com um total de 15 quilómetros, na qual as ciclistas vão fazer esse circuito por 11 vezes. É um constante sobe e desce, que no fim dá um total de 3676 de desnível positivo acumulado.

Kigali › Kigali (164.6km)

O circuito tem duas subidas categorizadas mas não é só, pois o final de cada circuito e consequentemente final de etapa também é em subida de 1,3 km a 6,4%.

Primeira subida:

Segunda subida é a mesma do empedrado do contrarrelógio:

O que esperar

Ui tantos nomes na startlist e vem sempre o mesmo à cabeça, Demi Vollering, foi aquele nome que apareceu logo mal se soube o percurso. Mas acho que não vai ser assim tão linear, até pela falta de domínio que ela tem demonstrado esta época.

Numa seleção dos Países Baixos que tem muita qualidade, já diz o ditado "quem tudo quer, tudo perde". E o trazer muita qualidade também traz muitos egos e é claro que estas ciclistas de grande qualidade se virem uma oportunidade de fazer um bom resultado não vão parar. Vimos isso nos últimos Jogos Olímpicos, que tinha duas líderes (Vollering e Wiebes) e foi Vos que ficou no pódio. E aqui pode acontecer parecido (agora sem a Vos). E trazem aqui a Vollering e Breggen a liderar a seleção. Se tiverem a estratégia bem delineada as duas líderes e todas as outras forem trabalhar, tem tudo para correr bem. Espero que joguem ao ataque e lancem grande nomes de longe para animar a corrida e cansar as equipas adversárias.

O contingente francês é muito forte, e acredito que aqui vêm todas em torno de Prévot. Apesar de também trazerem grande nomes, mas com a vencedora de Roubaix e do Tour de France, e ainda 2.° na Flandres na equipa não acho que tenham muitas dúvidas da qualidade da líder. É a sua maior hipótese de levar o título para casa, título esse que não vencem desde 2014, onde a campeã foi a Prévot e também foi a última vez que a França subiu ao pódio.

A seleção Italiana também se apresenta forte, em torno da sua líder Longo Borghini. Espero que seja uma seleção atacante e vá atacando a corrida a preparar terreno para a Longo. O mesmo espero da seleção alemã que lance os seus ataques de longe, pois tem Lippert para finalizar a corrida.

As outras seleções já não tão fortes, que trazem ambições a um bom resultado, podem colocar alguém na fuga, mas que não assustam as grandes favoritas, como por exemplo a Suíça que traz a Reusser e a Rüegg. Reusser deve lutar por uma boa classificação e neste perfil é candidata à vitória, mas não tem uma grande equipa para a ajudar. Rüegg em forma era um perigo neste perfil nem que fosse para ajudar a Reusser, mas não parece estar com grandes pernas. Por isso, Reusser deve tentar partir a corrida de longe e ir sozinha.

E não podemos esquecer que também temos Niewiadoma e Le Court, não tem equipa mas são duas favoritas ao top3 final. E ainda temos a Urška Žigar ou Fisher-Black, duas excelentes trepadoras que num percurso duro como este ambicionam lutar por um lugar de destaque.

Em resumo, espero uma corrida muita atacada pelos Países Baixos, Itália e França. As outras seleções devem andar na roda até ao momento certo para tentar a sua sorte.

Favoritos

Demi Vollering — Uma das principais candidatas à vitória. O perfil é o indicado para ela brilhar e finalmente conseguir o título que tanto deseja.

Pauline Ferrand-Prévot— Que belo retorno à minha estrada fez este ano. Traz consigo 6 gregárias, 4 das quais são gregárias da Demi o ano inteiro. Mas tem uma equipa ideal para o seu perfil, porque ela precisa que a prova seja muito dura para ela conseguir vencer.

A não perder de vista

Kimberley (Le Court) Pienaar — Sim, ela venceu Liége, a clássica mais dura, mas mesmo sendo a mais dura tem menos 1000 de desnível positivo acumulado. Continua a ser uma das grandes favoritas porque tem o perfil ideal para a prova, mas o acumulado pode ser um pouco demais.

Longo Borghini — Atacante, rápida, resiliente, trepadora. Quanto mais tempo passa melhor ciclista fica. Com 7 top10 em mundiais, dos quais 3 pódios, pode ser agora a vez dela ganhar.

Anna van der Breggen — Em 9 participações, ganhou 2 vezes e só duas ficou fora do top10. Prova dura, mesmo ao seu jeito. Mas será que é para ela? Tem a Demi na equipa, logo não será tudo exclusivo para ela. Mas para ganhar tem de atacar de longe e tem de ser a solo na meta.

Marlen Reusser — Um pouco como a Breggen para vencer tem de ser de longe e a solo. Tem um grande motor e se ganha 10 metros na estrada a atual campeã do mundo de itt pode nunca mais ser alcançada.

Apostas falso plano

André Dias — Kasia fazem, Kasia pagam.

Fábio Babau — Demi, más un bez.

Henrique Augusto — Demi, arrebenta com elas.

O Primož do Roglič — Prévot ao longo do ano que pode perfeitamente ser campeã do mundo.

Miguel Branco — A Reusser roeu a rolha da rainha do Ruanda.

Miguel Pratas — Kigali (Le Court) Pienaar.

Nuno Gomes — Mais vale um Perekitko na mão que o Mundial a voar.

Rogério Almeida — Esta vai para Itália, pois têm o veículo Longo para levar o Mundial.