Cycling Fantasy — Tro-Bro Léon

Análise ao percurso: Esqueçam o glamour de Roubaix ou o pavé flamengo em dias de sol. A Tro-Bro Léon é a Paris-Roubaix da Bretanha — só que com mais porcos, pó, lama e caminhos agrícolas que fazem corar de vergonha muitos setores belgas. São quase 30 ribinou, aqueles troços de terra, gravilha ou puro caos, que transformam esta corrida num híbrido entre ciclismo, BTT e rally de domingo. E agora uma novidade: amanhã vai ser só brutal, porque S. Pedro vai abrir as comportas do céu e vai dar um valente banho ao pelotão!

Podia dizer que tenho pena dos desgraçados, mas mentia. Vivo para estas clássicas em que tudo pode acontecer ao longo de 200km, e que no final de uma viagem por caminhos de cabras o prémio é um… leitão!

Shortlist falso plano

1000:

• Biniam Girmay — Se passar incólume pelos ribinou, é um perigo. A prova pode ser demasiado anárquica para o seu perfil, mas na Morbihan, bem mais dura, só se apagou na colina final. Hoje estive perfeito na leitura de não levar. Amanhã repito a dose… e levo!

800 & 600:

• Ninguém — Podia incluir Aranburu, mas foi ao chão esta tarde. E esta Roubaix da Wish não vai ser misericordiosa com ninguém. Quanto aos outros nomes deste patamar, andam a acumular DNF’s.

400:

• Fred Wright — Este homem respira Roubaix por todos os poros. Sendo esta a versão light do Inferno do Norte, pode bem fazer melhor que o 9º lugar alcançado na chegada ao mais famoso velódromo do ciclismo mundial.
• Mike Teunissen — Arrancar em cima de uma bicla XDS é como entrar em campo a ganhar 1-0. Vai repartir liderança com o Bettiol, uma dupla experiente que pode bem continuar a somar ponto UCI para a equipa cazaque.
• Alberto Bettiol — Quando me contrataram para o Falso Plano obrigaram-me a assinar uma cláusula em que Bettiol teria de aparecer sempre nas antevisões. Está aqui Henrique Augusto.
• Valentin Madouas — O francês da Groupama-FDJ é um habitué das clássicas e já mostrou consistência em terrenos difíceis. Se estiver num bom dia, pode ser um dos protagonistas na Bretanha.

200:

• Hugo Hofstetter — Um expert na matéria. Especialista em clássicas francesas, Hofstetter tem a escolinha toda para fugir a armadilhas e posicionar-se para discutir vitórias nestes percursos. Menos de top5 é derrota.
• Lewis Askey — É Askey e mais 8. Que grande época do miúdo da Groupama-FDJ. Arrancou o ano com top10 na Omloop, Samyn, Nokere-Koerse e Denain, e já esta semana sacou uma vitória e um top5 nas clássicas francesas. É um dos favoritos e no caos bretão pode voltar a subir ao mais alto lugar do pódio.
• Rasmus Tiller — Daqueles que nem é carne nem é peixe. Robusto, habituado a terrenos duros, raramente desilude, mas também já não me lembro de me entusiasmar. Hoje voltou a entrar nos pontos dos fantasistas com um singelo 17º lugar em Morbihan.
• Lander Loockx — Especialista em ciclocrosse, Loockx está habituado a terrenos acidentados e condições adversas. Se a lama aparecer, ele sente-se em casa.
• Lukas Kubis — Um pouco como Askey. Entrou na época de forma assombrosa e rapidamente conquistou o título de ciclista-sensação 2025. Em abril desapareceu dos radares, mas em maio já leva dois top10 no bolso. Tem tudo para ser um dos animadores desta Tro-Bro León.
• Alec Segaert — Não escondo quem tem sido uma das minhas desilusões da época. Esperava uma primavera de primeiro nível, mas o miúdo da Lotto ainda não arrancou. Dono de um motor impressionante, sabe lidar com terrenos difíceis como se viu no Renewi Tour 2024. Face à forma, é um joker.
• Bastien Tronchon — Foi segundo no Finistère esta semana, só perdendo para um vencedor absolutamente surpreendente: o miúdo da equipa de desenvolvimento da Decathlon, Aubin Sparfel. Está em boa forma e a capacidade de ataque pode ser útil nos setores de lama.
• Nicolas Breuillard — Não é bretão de gema, mas podia ser cidadão honorário. Foi 11º hoje no GP Morbihan, mas parecia que queria mais. Anda bem em estradas manhosas, é destemido e acredito que vai pontuar.
• Fredrik Dversnes — A aposta era nos colegas (Søren e Jonas), mas eles têm estado uma bela desgraça, por isso sobra-lhe o palco. É forte, tem estado bem na Bretanha e se tiver liberdade pode muito bem ser o norueguês certo da Uno-X para esta Tro-Bro Léon. Não é o nome mais óbvio… mas por estas bandas os nomes óbvios costumam acabar a limpar lama dos óculos.
• Clément Venturini — Com background em ciclocrosse, Venturini está habituado a terrenos difíceis. Se a corrida se tornar caótica, vai ser dos primeiros a tirar proveito disso. E hoje subiu ao pódio.
• Restante equipa Arkéa — Se há memória que retenho ano após ano é que a Arkéa é a equipa protagonista destas semi-clássicas. Baralham as cartas, distribuem o jogo e na hora das decisões metem 3 ou 4 homens na discussão. Amanhã espero mais do mesmo. Depois do já citado Venturini, podem meter fichas em Biermans, Démare, e Capiot porque qualquer um deles (ou mais do que um deles) pode estar no grupo do vencedor. Não esqueci Vauquelin. Mas amanhã não é para ele.

Código da liga falso plano: FALSOPLANO
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